O Sutra de Lótus é o ensino da unicidade de mestre e discípulo
Edição 1579 - Publicado em 11/Novembro/2000 - Página A3
Um diálogo sobre a religião no século XXI
Esta é a 53ª e última parte da série de diálogos sobre o Sutra de Lótus realizados entre o presidente Ikeda, o coordenador do Departamento de Estudo da Soka Gakkai, Katsuji Saito, e os vice-coordenadores Takanori Endo e Haruo Suda, publicada na edição de junho de 1999 da revista de estudo da Soka Gakkai, Daibyakurengue. Todas as pessoas são budas — essa é a verdade para a qual o Buda se iluminou e a conclusão do Sutra de Lótus. O objetivo de todos os budas e bodhisattvas é fazer com que todas as pessoas percebam sua natureza de Buda, e isso é também o que significa lutar pelo Kossen-rufu. A essência do Sutra de Lótus encontra-se nesse espírito de avançar cada vez mais a partir do presente momento, de empenhar-se com ainda mais esforço independentemente do que aconteça e continuar a dar esperança a mais e mais pessoas. Nesta parte, que encerra esta série de diálogos realizados durante quatro anos e meio, os participantes esclarecem que a essência do Sutra de Lótus não vive em nenhum outro lugar senão na prática da unicidade de mestre e discípulo conduzida na SGI, que promove sozinha a propagação mundial da Lei Mística.
Saito: Um membro pioneiro contou-me o seguinte relato. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, visitou certa ocasião a cidade de Shimonoseki, na Província de Yamaguti, para a cerimônia de conclusão das obras de reforma de um templo. Após a cerimônia, ele participou de um jantar, no qual as pessoas cantavam uma canção atrás da outra.
Quando começaram a cantar “Nippon Danji no Uta” (Canção dos Filhos do Japão), uma tradicional canção da Divisão dos Rapazes, o presidente Toda sugeriu que cantassem “Byakko-tai” (A Brigada dos Tigres Brancos).1 Quando os participantes começaram a cantar vigorosamente a canção, o presidente Toda levantou-se, ouvindo com extasiada atenção. Por trás de seus óculos de lentes grossas, seus olhos encheram-se de lágrimas.
Soube que depois disso ele fez esta observação: “Enquanto vocês todos estão aqui se divertindo, meu querido Daisaku (o presidente Ikeda) está empreendendo uma desesperada batalha em Osaka. Agora que ouvi a canção ‘A Brigada dos Tigres Brancos’, vou me retirar. Sua voz estava embargada. Em seguida, ele saiu. Isso mudou completamente o ambiente do jantar.
Endo: E quando isso aconteceu?
Pres. Ikeda: Lembro-me de que foi no dia 20 de abril de 1957. Considero como uma grande boa sorte ter tido um mestre assim.
Endo: Deve ter sido quando o senhor assumiu a liderança das atividades em Osaka na época das eleições suplementares para a Câmara dos Vereadores. Foi essa luta que o levou a ser preso no dia 3 de julho.2
Saito: Foi uma luta contra o poder corrupto. Dez dias depois (em 30 de abril), o presidente Toda adoeceu repentinamente e faleceu um ano depois. Mesmo com a saúde debilitada, era enorme a preocupação do Sr. Toda com o senhor, a quem ele confiaria o futuro do Kossen-rufu. Isso é realmente algo extraordinário.
Pres. Ikeda: Ele foi um mestre de ilimitada benevolência. Certa vez, disse-me: “Se você morrer, correrei até onde estiver e me deitarei a seu lado e morrerei com você.” Minha determinação é também dar a vida para proteger a Soka Gakkai.
Saito: Esta é a última parte de nossa série de diálogos sobre o Sutra de Lótus. Sinto agora profundamente que o Sutra de Lótus é em essência um ensino de mestre e discípulo. Esse é o principal tema de toda a obra.
O segundo capítulo, “Meios”, por exemplo, expõe o princípio da essência real de todos os fenômenos, revelando que todos os seres vivos possuem igualmente a natureza de Buda. As pessoas dos dois veículos de Erudição e Absorção (ouvintes e pratyekabuddhas), que haviam aprendido até então que não poderiam atingir o estado de Buda, recebem a profecia da futura iluminação.
Em todo o ensino teórico do sutra, ou a primeira metade, o conceito de que o Buda (o mestre) e todos os seres vivos (os discípulos) são inseparáveis é esclarecido de várias formas.
Pres. Ikeda: Correto. O sutra também explica [no 12o capítulo, “Devadatta”] que mesmo as pessoas malignas e as mulheres podem se tornar budas.
Suda: Consta no sutra: “Todas as pessoas podem tornar-se budas!”
Pres. Ikeda: Buda é aquele que despertou para a verdade de que todas “as pessoas são budas”. A iluminação de um buda não é nada mais que isso. Portanto, não existe algo como um buda arrogante ou que menospreza os outros. Esse tipo de atitude indica que essa pessoa não é genuína.
Uma batalha contra a arrogância
Suda: Todas essas pessoas são rotuladas de “arrogantes” na descrição dos “três poderosos inimigos” encontrada no 13º capítulo, “Devoção Encorajadora”. [Elas são chamadas de leigos arrogantes, monges arrogantes e bonzos arrogantes do alto escalão.]
Creio que a própria arrogância é inimiga do Sutra de Lótus. Especialmente os bonzos arrogantes que ocupam altos escalões são os que apresentam o coração cheio de malícia, embora sejam reverenciados como sábios. Consta no sutra que eles realmente “menosprezam toda a humanidade e tratam-na com superioridade”. (LS13, 193.)
Endo: O clero da Nitiren Shoshu é um exemplo disso.
O Sutra de Lótus é uma batalha entre o espírito do Buda de respeitar todos os seres humanos e o do mal, que tenta menosprezá-los. Na minha opinião, a batalha contra o Rei Demônio do Sexto Céu é o ensino máximo do sutra.
Pres. Ikeda: Exatamente. É quando empreendemos essa luta decididamente com base na união de mestre e discípulo que sentimos primeiro o mundo do estado de Buda brotar em nossa vida. A Lei Mística começa então a desabrochar em nós.
Myo, ou “místico”, corresponde a mestre; e ho, ou lei, a “discípulo”. Eles são indivisíveis. Rengue, ou “flor de lótus”, simboliza a simultaneidade de causa e efeito. A “causa” refere-se aos nove mundos e, portanto, ao discípulo, e o “efeito” indica o mundo do estado de Buda e o mestre. Assim, o mestre e o discípulo são um só. A Lei Mística e a flor de lótus expressam a unicidade de mestre e discípulo. Esse é o significado de Myoho-rengue-kyo.
O estado de Buda encontra-se na fé para propagar amplamente a Lei Mística. Devemos refletir profundamente sobre estas palavras de Daishonin:
“Nunca busque o Gohonzon fora de si mesmo. O Gohonzon somente existe nos mortais comuns como nós que abraçamos o Sutra de Lótus e recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo... Este Gohonzon encontra-se também apenas nos dois caracteres que designam a fé.” (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág. 832.)
Fé significa ação, luta. Até o último momento de vida, o presidente Toda ardia de paixão pelo Kossen-rufu. O mesmo aconteceu com o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti. Esse erudito de categoria mundial, uma pessoa de notável caráter, morreu na prisão! Ele foi assassinado pelas autoridades militares do Japão!
No ano em que o presidente Makiguti foi preso (1943), ele declarou que havia chegado a época de salvar a nação da crise e, na primavera desse mesmo ano, ele iniciou as explanações do tratado “A Pacificação da Terra por meio da Propagação do Verdadeiro Budismo” para os estudantes.
Ele foi preso no dia 6 de julho. Muitos supostos discípulos, que se referiam ao Sr. Makiguti como seu mestre, repentinamente se voltaram contra ele e começaram a acusá-lo de salafrário e a dizerem que ele merecia tudo aquilo. O coração humano é algo temeroso.
O presidente Toda, no entanto, foi o único que sentiu uma enorme gratidão por seu mestre.
Posteriormente, ele fez uma elegia ao Sr. Makiguti, dizendo: “Em sua vasta e ilimitada benevolência, ele me levou consigo até mesmo para a prisão.”3 Não poderia haver contraste mais gritante que esse entre o Sr. Toda e os demais.
O presidente Makiguti faleceu em novembro de 1944. Ele morreu na prisão, onde havia dedicado a vida à leitura de “A Pacificação da Terra por meio da Propagação do Verdadeiro Budismo”.
O Budismo de Daishonin é relembrado
Pres. Ikeda: E o Sr. Toda, o discípulo que compartilhou o espírito do Sr. Makiguti, leu o Sutra de Lótus e compreendeu sua essência enquanto estava na prisão na mesma época que seu mestre. Ele compreendeu que o “Buda” é a “grande vida” que permeia o universo, e que ele era produto dessa vida grande e eterna — a vida que desde o tempo sem começo existia e atuava constantemente no mundo cósmico. Em outras palavras, ele percebeu que era filho do Buda. Enquanto aumentam as indagações a respeito da humanidade, a validade e a importância dessa profunda compreensão a respeito da vida serão sem dúvida demonstradas de forma convincente. Nós de fato já entramos nessa época.
O presidente Toda costumava dizer: “Essa verdade não é algo que estudei e aprendi. É algo que recordei.” Em conseqüência das dolorosas provações que passou na prisão, o presidente Toda ficou extremamente míope.
Quando lia as escrituras de Daishonin ou algum outro material, ele tirava os óculos e apertava os olhos, colocando o texto tão perto que quase encostava no nariz. Ele observava: “Com a visão nesse estado, não leio o Gosho da mesma forma que vocês. O Budismo de Daishonin é relembrado.” Quando alguém lhe fazia alguma pergunta sobre o budismo, ele dava sua opinião e dizia: “Tenho certeza de que Daishonin disse a mesma coisa. Sei que está escrito em algum lugar.” E, com certeza, quando verificávamos, encontrávamos o mesmo ensino de Daishonin no Ongui Kuden (Registro dos Ensinos Orais) ou em alguma outra escritura.
Ele também contava como, em várias ocasiões, ao analisar algum trecho das escrituras com o qual tinha alguma dificuldade, o significado surgia inesperadamente.
O presidente Toda estava iluminado para a unicidade de mestre e discípulo. Ele se lembrava da “verdade” de ter-se empenhado como discípulo com o mesmo espírito de Nitiren Daishonin desde o remoto passado. Compreendendo isso, como alguém poderia poupar a própria vida?
Com todo respeito, devemos avançar para o Kossen-rufu. Sem a fé no eterno avanço na direção do Kossen-rufu, não haverá nenhuma iluminação nos Últimos Dias da Lei nem estado de Buda. Foi isso que o presidente Toda ensinou.
O Budismo da Verdadeira Causa é o budismo da esperança
Saito: O Budismo da Verdadeira Causa significa avançar continuamente.
Pres. Ikeda: Agora é kuon ganjo, o tempo sem começo. O “começo” é exatamente agora. O passado já se foi. O futuro ainda não chegou. Tudo que existe é o momento presente.
E o presente torna-se passado num instante. Se vocês disserem que algo existe, então existe; se disserem que não existe, não existe. É isso o que significa não-substancialidade. Nesse estado de não-substancialidade, a vida continua de momento a momento. Fora esse “momento”, a vida não tem nenhuma realidade. Sentimo-nos felizes num momento, mas no instante seguinte nos encontramos em aflição.
Considerar esse momento da vida como o efeito direto de alguma causa que fizemos no passado significa pensar em termos do Verdadeiro Efeito. Significa pensar, em outras palavras, “Eu fiz tal coisa, portanto, aconteceu isso comigo”. Mas ter simplesmente essa perspectiva não fará surgir a esperança.
O importante é considerar a própria vida no presente momento como a “causa” para criar os efeitos futuros. Essa é a verdadeira causa que alcança as profundezas do ser. Não se trata de uma causa superficial.
Verticalmente, nossa vida está arraigada na vida do tempo sem começo. Horizontalmente, ela é a Verdadeira Causa que permeia todo o mundo Dharma. Esse é o Nam-myoho-rengue-kyo, a grande vida eterna, a grande lei, que movimenta todo o universo e cria um constante desenvolvimento.
Portanto, quando acreditamos que o Gohonzon é a incorporação dessa Lei, recitamos a Lei Mística e entramos em ação, experimentamos nesse momento o tempo sem começo. E é então que brota essa força vital eternamente pura e ilimitada, que “não foi criada nem adornada, mas permanece em seu estado original” (Gosho Zenshu, pág. 759.). Nós desfrutamos uma total liberdade tanto no passado como no futuro.
O Budismo de Nitiren Daishonin é o “budismo da esperança”.
O Sutra de Lótus é precioso porque em sua profundeza encontra-se o Gohonzon. Se nos esquecermos desse ponto, todos os nossos esforços serão em vão.
Saito: Assim, a questão é que cada momento é kuon ganjo e tudo sempre começa a partir de agora.
Pres. Ikeda: Essa é a fé embasada no Budismo da Verdadeira Causa. Fé significa ter uma esperança ilimitada.
Independentemente de nossas circunstâncias serem boas ou más, mesmo que pareça estarmos lutando uma batalha perdida, devemos nos levantar com a determinação de não sermos derrotados e, a partir daí, demonstrar a prova real do ilimitado potencial da Lei Mística. Não é esse o verdadeiro propósito da fé?
Sem dedicarmos todo nosso ser à criação de algo a partir do nada, não podemos conhecer o que é a fé genuína. O intenso desafio de criar valor — de transformar a perda em ganho, o mal em bem, a mesquinhez em beleza. Esse é o espírito Soka. Isso é fé.
Daishonin diz: “Se empenhar cem milhões de aeons de esforço num único momento da vida, as três propriedades iluminadas aparecerão dentro de si a cada momento.” (Gosho Zenshu, pág. 790.)
Não devemos nos tornar pessoas covardes e mesquinhas que, quando a situação fica um pouquinho difícil, desanimam-se e começam a criticar os outros, pensando apenas em se proteger. Aqueles que conseguem se unir nas piores circunstâncias são verdadeiros companheiros. Fé é o espírito de dar até mesmo nossa própria vida pelo Kossen-rufu e pela felicidade das pessoas, independentemente se ganharemos algo com isso ou não.
A SGI é o único grupo no mundo inteiro que trabalha pela propagação da Lei Mística por todo o globo. Devemos proteger firmemente essa nobre organização. A SGI é a luz da esperança para a humanidade.
A grande missão da SGI
Suda: Em um discurso proferido no ano passado em Okinawa, o escritor quirguiz Tchinguiz T. Aitmátov disse:
“A palavra ‘humanismo’ é extremamente importante. Houve até agora sistemas de pensamento com a finalidade de unir as pessoas num determinado grupo étnico. Mas o tipo de união pela qual as pessoas abrem seu coração a todos os outros e criam laços de confiança com base na amizade é um espírito de união totalmente novo e jamais visto antes.
“Essa união não pode acontecer sem uma filosofia suprema e sublime. Essa filosofia deve ser propagada por um indivíduo notável que seja produto da época. Graças a meu longo contato com o presidente Ikeda, creio que ele seja exatamente essa pessoa que está promovendo essa filosofia...
“Se me pedissem para descrever que tipo de época foi o século XX, creio que teria de dizer que foi um século de guerra de ameaçadora brutalidade. Alguns talvez o caracterizassem como a era da ascensão e queda do comunismo. Outros, como a “era da cultura de massa” nascida no Ocidente. Em outras palavras, um grande número de pessoas provavelmente descreveria o século XX como “a era da ocidentalização”.
“Caracterizo o movimento da Soka Gakkai como um empreendimento que transcendeu tudo isso, que ultrapassou as ideologias e políticas do século passado. A Soka Gakkai surgiu no século XX, e se propagou e se desenvolveu superando todos os tipos de obstáculos e provações. Foi graças a esse contínuo esforço que pudemos aprender com essa renovada perspectiva do mundo. Vamos todos nos orgulhar muito disso.
“A globalização é uma tendência mundial da época. Isso é verdadeiro para a economia e também para as áreas da tecnologia e das comunicações. Mas creio que, se isso não for acompanhado de uma ‘globalização espiritual’, a humanidade perecerá.
“Se o século XX é realmente uma época de globalização, e se a globalização é realmente o caminho para o verdadeiro progresso, então todos vocês, membros da Soka Gakkai, têm uma missão verdadeiramente imensa e profunda à medida que entramos nesta nova época...
“Se os jovens que pensam no futuro entrarem em contato com o conceito do humanismo e com as pessoas que o defendem, a humanidade avançará ainda mais. Tenho esperança de que o século XXI será de verdadeiro progresso para a humanidade.
“Por fim, gostaria de apresentar minhas considerações sobre a Soka Gakkai. Além de desfrutar uma total liberdade, os membros da Soka Gakkai crêem nos ideais da organização e se empenham para concretizá-los. Comumente, as doutrinas religiosas tendem a restringir de alguma forma o aspecto interior do indivíduo. Mas na Soka Gakkai não há esse tipo de limitação. Embora todos os membros sejam livres como indivíduos, estão todos unidos por uma mesma filosofia. Nunca havia visto antes um fenômeno tão maravilhoso como esse...
“O planeta é um legado que devemos transmitir a nossos descendentes. Os seres humanos devem evitar criar mais guerras, conflitos, confrontos e outros tipos de atividades destrutivas.
“Atualmente, com o fim do século XX e a proximidade do século XXI, a razão humana está se aproximando firmemente de uma perspectiva universal. Entramos em uma época em que as pessoas estão tratando a vida de uma forma mais universal e pensando também num nível universal.
“O mar, as montanhas, as planícies, a terra, o ar — é da responsabilidade dos seres humanos proteger esses tesouros.”4
Devotem-se à prática de “jamais desprezar”
Endo: Suas palavras são muito claras. Presidente Ikeda, no início desta série de diálogos, o senhor explicou o conceito do “humanismo cósmico”. Parece-me que os tempos estão seguindo inevitavelmente nessa direção.
Pres. Ikeda: Se observarmos a Terra do espaço, torna-se fácil ver que tolice é dividir este belo planeta em aproximadamente duas centenas de “nações” que ficam constantemente expostas umas às outras. Antes de sermos japoneses, norte-americanos ou russos, somos seres humanos.
Se não compreendermos algo tão natural como isso, o século XXI será realmente obscuro. Corremos o risco de criar uma era em que a violência vil correrá solta.
Devemos construir uma sociedade em que as pessoas se empenhem e se ajudem com um espírito humanista. Devemos buscar um mundo pacífico em que as pessoas vivam com dignidade de forma feliz e realizada. A base para isso é o “espírito de jamais desprezar” encontrado no Budismo de Nitiren Daishonin e que é a essência do Sutra de Lótus. É a filosofia de valorizar totalmente cada pessoa. Disse isso em várias ocasiões, mas o mais importante é a ação concreta. Jovem ou idoso, o importante é oferecer aos outros um amor incondicional.
A indiferença e a falta de responsabilidade não funcionam no budismo. Essa atitude apenas degrada o nobre trabalho de um “emissário do Buda”. Fé não se trata de deixar para os outros ou acreditar que as coisas darão certo de alguma forma. Esse tipo de pensamento não trará a verdadeira alegria, mas sim o arrependimento nas próximas existências.
O que torna a Soka Gakkai realmente grandiosa são seus constantes e incansáveis empreendimentos para ajudar até mesmo uma única pessoa a alcançar a verdadeira felicidade.
Suda: O falecido historiador de arte francês René Huyghe lamentou certa vez que a atual obsessão do mundo pelo materialismo colocou a humanidade na pior condição possível.
Soube que ele fez a seguinte observação: “É chegado o momento do despertar de uma civilização espiritual. Somente o presidente Ikeda e os membros da SGI, que abraçam uma filosofia embasada na dignidade da vida e atuam na condução do espírito humano ao caminho correto, podem salvar o mundo da crise.”
Pres. Ikeda: De qualquer forma, independentemente do quanto as palavras sejam ardentes ou ostentatórias, se os verdadeiros sofrimentos das pessoas forem ignorados, essas palavras serão simplesmente falsas. Se nos colocarmos acima dos outros, vivendo sozinhos em paz e tranqüilidade, o espírito do budismo perecerá.
Daishonin, que surgiu neste mundo para ensinar aos outros a essência do Sutra de Lótus, escolheu nascer na classe mais baixa da sociedade. Devemos refletir seriamente sobre o profundo significado de sua declaração de que ele era “filho de uma família chandala” (WND, pág. 202.) Tendo nascido como “discriminado” entre as pessoas que mais sofriam, ele empreendeu uma batalha pelos direitos humanos contra os “discriminadores” embora passasse por grandes perseguições. Esse esforço é a própria prática do Sutra de Lótus.
Suda: Tendo estudado no Monte Hiei [pertencente à escola Tendai do budismo], um dos principais centros de estudo do Japão na época, Daishonin estava apto a ocupar os altos escalões. Se ele quisesse viver em paz num templo em sua cidade natal, não creio que enfrentasse problemas. Mas ele propositadamente deixou de lado uma existência fácil.
Seres humanos são seres humanos!
Pres. Ikeda: Apesar de estar num nível diferente, a idéia de desafiar deliberadamente um caminho difícil na vida faz-me lembrar da obra The Child Who Never Grew (A Criança que Nunca Cresce), de Pearl Buck.5 Nesse livro, ela apresenta um sincero relato das dificuldades que enfrentou com a criação de sua filha incapacitada. Descreve sua dor e hesitação entre os sentimentos de esperança e desespero.
Ao procurar por uma escola adequada para sua filha, verificou que as pessoas com quem se encontrava, apesar de trabalharem cuidando de crianças deficientes, pareciam não ter ciência de que aquelas crianças também eram seres humanos. Ela escreveu:
“As crianças que não se desenvolvem são seres humanos e sofrem como seres humanos, de forma inarticulada mas no entanto, profunda. A criatura humana é sempre melhor que a animal.
“Esse é o único aspecto que jamais devemos esquecer. Ela será sempre mais que uma besta. Por mais que o pensamento tenha cessado, que não consiga falar nem se comunicar com ninguém, seu aspecto humano continua presente e ela pertence à família humana.”6
Suas palavras são profundamente comoventes.
NOTA
1. Byakko-tai (Brigada do Tigre Branco): Grupo formado por algumas centenas de jovens que, em março de 1868, organizaram-se para se oporem às forças da restauração imperial. Apesar de sua heróica e desesperada luta, o grupo foi dizimado, tornando-se um símbolo de lealdade, coragem e determinação.
2. No que ficou conhecido como “Incidente de Osaka”, o Sr. Ikeda foi preso no ano de 1957 devido a falsas acusações de violação da lei eleitoral, sendo posteriormente inocentado de todas elas.
3. Proferido na terceira cerimônia em memória do Sr. Makiguti, realizada em novembro de 1946. Toda Josei Zenshu (Coletânea de Escritos de Jossei Toda). Tóquio, Seikyo Shimbunsha, 1983, vol. 3, pág. 386.
4. Extraído de um discurso proferido por Tchinguiz T. Aitmátov no Seminário Cultural do Seikyo Shimbun, realizado no Centro Internacional da Paz de Okinawa no dia 18 de novembro de 1998.
5. Pearl Buck (1892–1973): Ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura no ano de 1938.
6. Pearl Buck, The Child Who Never Grew. Nova York, The John Day Company, 1950, pág. 42.
"A grandiosa Revolução Humana
de uma única pessoa irá um dia impulsionar
a mudança total do destino de um país
e além disso, será capaz de transformar
o destino de toda a humanidade."
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