19 de outubro |
Fundação da BSGI |
Cidades visitadas pelo presidente Ikeda em sua histórica jornada em 1960. | Naquela época, a sociedade japonesa comentava que, com o falecimento do presidente Toda, a Soka Gakkai se dissolveria. Além disso, as maldades que tentavam destruir a organização e influenciar negativamente os membros eram intensas. Nesse ambiente de muitas adversidades, o presidente Ikeda, após sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960, empenhava-se incansavelmente percorrendo todo o Japão para incentivar e encorajar os membros e solidificar a organização de cada localidade. |
No seguinte trecho do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda, é narrado o embarque da comitiva liderada por Shin-iti Yamamoto (seu pseudônimo) no histórico dia 2 de outubro, descrevendo o profundo laço de mestre e discípulo: “Shin-iti colocou a mão silenciosamente sobre seu peito. No bolso interno de seu paletó levava uma foto de seu venerado mestre, Jossei Toda. Jamais pôde esquecer as palavras de Toda ao contar-lhe que havia sonhado que viajara ao México. Ele encontrava-se enfermo e acamado no Templo Principal e isso ocorrera pouco antes de seu falecimento. Naquele dia, Toda disse-lhe:
“— Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Budismo de Nitiren Daishonin. Como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do Kossen-rufu. Shin-iti, o mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. E o mundo é imenso e vasto. (...) Shin-iti, viva. Você precisa viver! Viva o máximo que puder e percorra o mundo!” (Vol. I, pág. 5.)
Nessa viagem de paz incluía a visita a três países — Estados Unidos, Canadá e Brasil. Logo na chegada à primeira cidade, Honolulu, por volta das 23 horas, com quase uma hora de atraso, ocorreu o desencontro da comitiva com o grupo de membros que os recepcionariam no aeroporto. Por um erro de comunicação, o grupo de recepção dos membros compareceu no aeroporto na manhã do dia seguinte, quando a comitiva já se encontrava no hotel.
Percebendo o desânimo dos membros da comitiva pelo fato de não ter ninguém para recebê-los num país estrangeiro que visitavam pela primeira vez, além de já estarem exaustos e ter passado muito tempo desde o jantar servido no avião, o presidente Ikeda tentou animá-los oferendo-lhes nori (algas marinhas secas) para comer e disse:
“— Este momento em que estamos comendo nori certamente se tornará no futuro uma preciosa recordação. Esta noite está marcando o descortinar de uma grandiosa jornada que ficará registrada em nossa história. Não é maravilhoso quando pensamos dessa forma? (...) Provavelmente devem ter se esquecido do fuso horário. Os japoneses não estão acostumados com as viagens para o exterior.” (Ibidem, págs. 12-21.)
Após esclarecido o problema, o presidente Ikeda utilizou o máximo de seu tempo para conversar e incentivar os membros, em vez de pensar no erro cometido por alguém. Foi, sem dúvida, a atitude de uma pessoa sábia.
Além do desencontro ocorrido no desembarque em Honolulu, e após visitar as cidades de São Francisco, Seattle (onde adoeceu), Chicago, Toronto (Canadá), Nova York e Washington com intensa agenda, o presidente Ikeda desafiou sua própria vida na véspera da partida ao Brasil, programada para o dia 18 de outubro. Como discípulos do rei leão, não podemos esquecer da comovente cena em que um dos integrantes da comitiva disse:
“— Vim conversar a respeito da viagem ao Brasil programada para amanhã. Se permitir-me que lhe diga, com base em nossa conclusão gostaríamos de pedir ao senhor que permaneça aqui na América enquanto eu e os demais iremos para o Brasil. Está claro aos olhos de qualquer um de nós que o senhor está com a saúde profundamente debilitada. Se o senhor não se cuidar agora, poderá ocorrer algo irreparável. Caso aconteça o pior, de o senhor cair enfermo, a Gakkai perderá sua viga-mestra. Não sei o que sucederá se isso ocorrer... Pensei muitas vezes em lhe falar sobre isso, mas a cada vez que vinha à sua frente perdia a coragem para tocar no assunto. Sei perfeitamente que é um atrevimento de minha parte pedir que o senhor descanse. Mas, por favor, este é o nosso sincero desejo...” (Ibidem, pág. 178.)
O presidente Ikeda respondeu:
“— Obrigado, Sr. Jujo. Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando. Jamais cancelaria a viagem sabendo que eles estão me esperando. O senhor sabe perfeitamente que o maior objetivo desta viagem é a visita ao Brasil. Chegamos até aqui exatamente para isso. Não podemos desistir na metade do caminho. Houve alguma vez em que o presidente Toda recuou em meio a uma luta?! Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou. Vou sem falta, custe o que custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura pode haver nisso?!” (Ibidem.)
Com essa corajosa atitude, acompanhada por um espírito indomável, em 19 de outubro, o presidente Ikeda chegou a São Paulo. Essa é uma data memorável.
Devido às dificuldades de comunicação entre a sede central no Japão e os membros residentes no Brasil, a primeira visita ocorreu em meio a um clima de incertezas. As informações que a comitiva possuía somente davam conta de que no Brasil havia cerca de cem famílias de praticantes e que já haviam sido realizadas algumas reuniões de palestra. Não foi possível sequer saber se os membros tomaram conhecimento de sua visita.
Uma única carta possibilitou que os companheiros do Brasil soubessem dos detalhes a respeito da chegada. Assim, um grupo recepcionou a comitiva, que chegou a São Paulo à 1h20 da manhã, num vôo que durou mais de duas horas em relação ao previsto.
Entoando a canção Ifu Dodo no Uta, os membros presentes seguravam uma faixa de boas-vindas. Muitos haviam aprendido a canção somente alguns dias antes, mas ela encheu o coração dos membros da comitiva de novo ânimo após a cansativa viagem.
A maioria dos componentes do grupo de recepção era formada por homens, grande parte de imigrantes japoneses que estavam trabalhando na lavoura. Com o rosto queimado pelo Sol e os olhos cheios de lágrimas, cantavam com ardor a canção que haviam acabado de aprender.
Embora a fundação do primeiro distrito no Brasil tivesse sido realizada no dia seguinte, o dia 19 de outubro, data da chegada do presidente Ikeda ao Brasil, é considerada a data de fundação da BSGI.
Na manhã seguinte à chegada, a comitiva se dividiu em dois grupos para realizar as atividades em Campinas e em São Paulo. O presidente Ikeda visitou a Cooperativa Agrícola de Cotia e depois reuniu-se com os membros para realizar o Gongyo e dialogar. Os membros relataram as dificuldades e a dura condição de vida dos imigrantes japoneses no Brasil. Os pioneiros da BSGI enfrentaram adversidades inimagináveis em meio a uma rigorosa realidade diária mantendo a prática da fé como fonte de coragem e esperança. Os incentivos do presidente Ikeda não somente proporcionaram-lhes um novo alento como abriram uma nova perspectiva de vida e os fez despertar para a missão como Bodhisattvas da Terra.
A reunião de fundação do primeiro distrito da BSGI foi, na verdade, uma reunião de palestra. Embora naquela tarde do dia 20 de outubro o salão do Restaurante Chá Flora, em São Paulo, estivesse lotado, o presidente Ikeda direcionou a atividade para que pudesse dialogar com os companheiros, esclarecendo suas dúvidas e incentivando-os calorosamente. Muitos vieram de longe, chegando a viajar três dias e três noites para participar da atividade.
Em um trecho do capítulo “O Desbravador”, Shin-iti Yamamoto, pseudônimo do presidente Ikeda, afirma:
“Talvez os senhores estejam pensando que vieram para o Brasil por mero acaso, cada um devido aos seus motivos particulares. No entanto, não é exatamente isso. Os senhores nasceram como Bodhisattvas da Terra para realizar o Kossen-rufu do Brasil, para conduzir as pessoas deste país à felicidade e para construir aqui a terra da eterna paz e tranqüilidade. Ou melhor, os senhores foram convocados pelo Buda Original Nitiren Daishonin para cumprir essa tarefa. Quando os senhores tomarem consciência de sua sublime missão como nobres Bodhisattvas da Terra e viverem em prol do Kossen-rufu, o sol do infinito passado latente no interior dos senhores lançará seus raios para transformar as causas negativas do passado como o evaporar do orvalho e abrirá diante de seus olhos um sereno curso de vida repleto de felicidade e júbilo.” (Nova Revolução Humana, vol. I, pág. 198.)
Essas palavras permanecem como uma diretriz para cada membro da BSGI até os dias de hoje e por todo o futuro. Quando, durante essa reunião, o presidente Ikeda anunciou a criação do Distrito Brasil, o primeiro fora do Japão, em meio a incontidos aplausos, o sol do Kossen-rufu despontou no horizonte brasileiro e a BSGI dava seus primeiros passos para uma jornada sem igual.
Efetivamente a primeira visita ao Brasil constituiu-se de somente dois dias de atividades, mas foi o suficiente para o presidente Ikeda assentar a base sólida para o desenvolvimento da BSGI.
No poema “Brasil, Seja Monarca do Mundo!” consta o seguinte trecho: “Oh! Brasil! És minha vida!” — essas palavras do presidente Ikeda encerram um profundo significado. A BSGI existe graças à devoção da vida do mestre. É na relação entre mestre e discípulo, que a BSGI busca a fonte do avanço e desenvolvimento que vem empreendendo até a atualidade, numa jornada cuja origem foi marcada pela árdua luta dos veteranos e que se perpetua rumo ao distante futuro nas mãos dos inúmeros valores humanos que despontam em todo o Brasil.
Fonte:
Terceira Civilização, edição nº 386, outubro de 2.000, págs. 6-7.
Ibidem, edição nº 446, outubro de 2.005, pág. 12.
Brasil Seikyo, edição nº 1.672, 19 de outubro de 2.002, pág. 2.
BSGI: 45 anos de vitórias e conquistas
1971–1980
Um notável crescimento
A BSGI alcançou um notável crescimento nesse período, conseguindo atingir, pouco mais de seis anos após a fundação, um número de membros cinqüenta vezes maior do que no início. As organizações da BSGI já se espalhavam por quase todo o país e a quantidade de membros brasileiros natos aumentava consideravelmente. Nesse período, várias sedes regionais foram fundadas, consolidando dessa forma a expansão da BSGI nos estados brasileiros. | Festival Cultural realizado em 1974 . |
Mas essa também foi uma década em que a BSGI começou a realizar eventos na sociedade brasileira. O ano de 1974 foi denominado “Ano da Sociedade”. Entre essas atividades realizadas, incluem-se: o Festival Musical na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (1971), o Festival Musical em comemoração do Sesquicentenário da Independência do Brasil (1972), o Festival Cultural da BSGI no Palácio das Convenções do Anhembi (1974), o Festival Cultural-Esportivo em comemoração dos 15 anos de Brasília, no Ginásio de Esportes Presidente Médici (1976), e o Festival Cultural-Esportivo da BSGI, no Ginásio do Ibirapuera (1979). | Festival em comemoração do 15o aniversário de fundação da cidade de Brasília. |
Além dos festivais culturais, destacam-se também a apresentação das bandas feminina (Nova Era Kotekitai) e masculina (Taiyo Ongakutai) da BSGI nos campeonatos nacionais de bandas e fanfarras. Em 24 de agosto de 1977, outro marco na história da BSGI: a inauguração do Centro Cultural, em São Paulo.
1981–1990
Expansão da BSGI
Na terceira década, as atividades da BSGI, de forma geral, foram bem-sucedidas, com a realização de eventos na sociedade, o ciclo anual de convenções e a expansão das organizações em toda a BSGI. O grande destaque desse período foi certamente a terceira visita do presidente Ikeda ao Brasil, em 1984 — a única visita realizada por ele em toda a década, mas que se mostrou de fundamental importância para os anos vindouros. | Festival Cultural-Esportivo realizado no Ginásio do Ibirapuera em 1984. |
Com o crescimento do número de membros, as instalações do Centro Cultural passam a não comportar grandes eventos. Assim, em 21 de fevereiro de 1987, foi inaugurado o Auditório Presidente Ikeda. Nessa mesma ocasião, o presidente da SGI escreveu um significativo poema para os membros brasileiros, intitulado “A Longa e Distante Correnteza do Amazonas”.
Em 29 de julho de 1989, foi inaugurado o Centro Cultural do Rio de Janeiro, e em 18 de fevereiro de 1990, o Centro Cultural Campestre, em São Paulo, duas de uma série de grandes instalações que seriam inauguradas na década seguinte.
1991–2000
Início de um grande desenvolvimento
Se nas décadas anteriores os festivais tiveram um importante papel para divulgar os ideais da BSGI na sociedade, nos anos de 1991 a 2000 as exposições cumpriram essa função. Em 1991, chega ao Brasil a exposição “Eternos Tesouros do Japão”. No ano seguinte, duas outras importantes exposições foram inauguradas — “Diálogos com a Natureza”, no Museu de Arte de São Paulo, em janeiro, e a “Exposição sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Cidade de São Paulo, em julho. Em outubro de 1994, foi inaugurada a exposição “Desenhos das Crianças do Brasil e do Mundo”, no Centro Cultural São Paulo, que ainda hoje está sendo exposta em diversas cidades brasileiras, e a exposição “Direitos Humanos — Direitos de Todos”, em setembro de 1996, no Salão Negro do Ministério da Justiça, em Brasília, no Distrito Federal.Essa década ficou marcada pela concretização da quarta visita do presidente Ikeda ao Brasil, em fevereiro de 1993. Nesse mesmo ano, as organizações da BSGI foram reestruturadas em três coordenadorias, da Cidade de São Paulo, das Regiões Estaduais e do Rio de Janeiro, visando ao seu maior desenvolvimento, e Eduardo Taguchi foi nomeado o novo presidente.
No campo da educação, as atividades do projeto “Makiguti em Ação” e do Curso de Alfabetização para Jovens e Adultos dão novo impulso ao Departamento Educacional, que viria a se constituir na Coordenadoria Educacional em 2000.
Na área da proteção ambiental, a BSGI firmou diversas parcerias com importantes órgãos governamentais, como o acordo de cooperação técnica com a Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (Semact), em dezembro de 1993, ao mesmo tempo que inaugurava o Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (BSGI–Cepeam), em Manaus, em junho de 1994. Essa foi também a década de ouro na construção dos “Castelos do Kossen-rufu” em todo o país. Em dezembro de 1996, foi inaugurado o Centro Cultural de Brasília; em janeiro de 1997, o Centro de Aprimoramento, no Centro Cultural Campestre; em junho do mesmo ano, o Palácio Memorial da Paz Eterna; em julho, o Centro Cultural Norte do Paraná; e em março de 1998, o Centro Cultural Sul, da Coordenadoria da Cidade de São Paulo, o primeiro centro cultural regional da BSGI. Além disso, ao final da década a BSGI já contava com 71 sedes regionais espalhadas por todo o país.
Esse período também foi marcado pelo reconhecimento da sociedade brasileira na forma de homenagens — especialmente moções e títulos honorários ao presidente da SGI — concedidas por diversos governos municipais e estaduais e instituições de ensino, além dos vários logradouros públicos que receberam o nome dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai.
Todos esses eventos, que são apenas representativos das grandes conquistas alcançadas pela BSGI ao longo de seus 45 anos, refletem na verdade o empenho e o labor das pessoas anônimas que ajudaram a construir a organização. Dessa forma, ao celebrar seu aniversário de fundação, cada um desses indivíduos pode e deve congratular-se consigo próprio, pois cada qual é parte ativa e fundamental dessa grande e bem-sucedida história de 45 anos.