Os Oito Ventos
O Gosho Os oito ventos
Este é um nome dado a uma famosa carta que o Buda Nitiren Daishonin escreveu para Shijo Kingo em 1277.
O conteúdo da carta
“Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio. Os deuses celestes seguramente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. III, p. 201–202.)
O que são os oito ventos?
Por meio de uma metáfora, Nitiren Daishonin fala sobre oito condições capazes de impedir as pessoas de avançar no caminho da iluminação.
Reforçando
Os oito ventos são: prosperidade, honra, elogio, prazer, declínio, desgraça, censura e sofrimento.
Por que ventos?
Nitiren Daishonin usa a metáfora com os ventos porque as mudanças climáticas eram constantes e abruptas em sua época. A aparente calmaria de um vento fresco num dia de calor pode ser acompanhada de ventos gelados e devastadores. Da mesma forma, as condições favoráveis ou desfavoráveis se manifestam constantemente como “ventos”.
Conduta correta é o caminho da iluminação
A conduta correta é agir de acordo com o princípio da Iluminação Universal que revela: Todas as pessoas são budas e dignas do mais supremo respeito. Conduta correta significa viver baseado no espírito da prática do Chakubuku, ou seja, é agir como um buda considerando todos como budas. Esse é o caminho da iluminação.
(1) A prosperidade
São todas as formas de lucros e ganhos. Representa a busca incessante pelo progresso material, profissional ou financeiro. A prosperidade torna-se negativa no momento em que cega a pessoa para uma vida de acordo com a “conduta correta”.
Exemplo da influência da prosperidade
No contexto da prática budista: “Voltarei a participar das atividades mais assiduamente depois de vencer profissionalmente” ou “minha vida está indo de vento em popa. Não preciso me esforçar tanto na prática”.
(2) Declínio
Significa enfraquecimento e perda. Desmotivadas pelas condições de vida desfavoráveis, as pessoas tendem a perder a energia e a coragem, desviando-se da conduta correta.
Exemplo da influência do declínio
No contexto da prática budista: “Puxa, tenho praticado tanto e minha condição nunca melhora! Como poderei fazer Chakubuku?” ou “Quando tiver melhores condições financeiras participarei mais assiduamente das atividades da Organização”.
(3) A honra
Sentimento que representa satisfação por conquistar a consideração daqueles ao redor. Porém, sua distorção leva à arrogância e ao autoritarismo, ou seja, a pessoa não vive de acordo com a conduta correta.
Exemplo da influência da honra
Exemplo desse tipo de conduta é pensar que já sabe o suficiente sobre a prática budista devido aos anos de prática, colocando-se acima de recém-convertidos.
(4) A desgraça
Condição de uma pessoa que perdeu a credibilidade e o respeito dos outros. Essa perda é provocada por dois tipos de situações. O primeiro tipo: a pessoa perde o respeito por falhas ou atitudes praticadas por ela mesma. Segundo tipo: intrigas e difamações de pessoas ao redor motivadas por inveja ou rancor.
Exemplo da influência da desgraça
No contexto da prática budista: “Como ninguém me respeita, vou me afastar da prática” ou “como estão me atacando vou atacar também”.
(5) O elogio
Enaltecimento expresso por meio de palavras ou gestos. Mas essas manifestações podem se tornar prejudiciais quando as pessoas passam a depender disso, condicionando seu avanço ou ação ao reconhecimento dos outros.
Exemplo da influência do elogio
No contexto da prática budista: Quando alguém não recebe elogio por seus esforços pode pensar assim: “Não vou mais me dedicar, pois as pessoas não reconhecem meu empenho”.
(6) A censura
Repreender ou insultar. Há pessoas que, ao ser repreendidas ou orientadas com rigorosidade, acabam desanimando ou se irritando com as outras, afastando-se delas e até da prática budista.
Exemplo da influência da censura
“Não gostei de ser repreendido. Não vou mais apoiar esta atividade”, ou “meus familiares que não praticam me criticam por participar das atividades. Não sei o que fazer”.
(7) O prazer
Qualquer tipo de atividade prazerosa que desvie a pessoa da conduta correta.
Exemplo da influência do prazer
“Agora vai passar aquele programa que eu gosto na televisão. Depois eu faço o Gongyo”, ou “hoje tem reunião na comunidade, mas o pessoal me convidou para jogar bola. Será que vou?”
(8) O sofrimento
Dor física e espiritual que nos leva a desanimar na prática budista e a ter pensamentos destrutivos.
Exemplo da influência do sofrimento
“Devido a um grave problema de doença em minha família no momento, não tenho condições de praticar”, ou “meus sofrimentos são tão grandes que o Budismo não irá solucioná-los”.
São ilusões
Os oito ventos são ilusões porque mudam constantemente. Não são critérios confiáveis devido à sua inconstância. Uma situação de sofrimento pode mudar rapidamente, assim como uma situação de prosperidade.
Não são referência
Importante é não usar os “oito ventos” como referência para nada. Eles são ilusões e não são confiáveis para ser a base de uma vida inteira. Uma vez tomados como referência, a consequência de cada mudança sempre será sofrimento.
Não caia na armadilha
Nunca use os “oito ventos” como referência de avaliação da fé de outra pessoa. Pelo fato de uma pessoa ser censurada ou enfrentar um grande sofrimento não significa que sua prática esteja errada. Por outro lado, se uma pessoa prospera não significa que sua prática esteja correta. Lembre-se, são ilusões, portanto, não são critérios de avaliação de uma fé sincera.
É comum eles soprarem
No decorrer da vida, é comum alguém ser afetado por fatores como declínio, censura ou sofrimento e, talvez, mais fácil ainda, pela prosperidade ou prazer.
A solução
A solução é elevar o estado de vida de forma que os “oito ventos”, que são condições externas, não influenciem a fé. Nitiren Daishonin ensina que a pessoa deve ser imperturbável diante das oscilações do cotidiano.
Conclusão
O presidente Ikeda conclui: “Se nos basearmos na natureza do Dharma, então, independentemente de sermos ou não elogiados ou censurados, podemos usar tudo como uma oportunidade para obter mais êxitos. Por outro lado, se somos dominados pela ignorância, então tudo isso se torna motivo para cairmos nos maus caminhos. O coração é o mais importante. Nitiren Daishonin escreve a Shijo Kingo: ‘Sofra o que tiver de sofrer. Desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento como a alegria como fatos da vida e continue orando Nam-myoho-rengue-kyo, não obstante o que aconteça’. Essas palavras possuem um grande significado. Tanto nos momentos de alegria como nos de tristeza, devemos recitar a Lei Mística e avançar ainda mais. Esse é o caminho de um mestre da vida. Se vivermos com esse espírito, poderemos dissipar todo sofrimento”.