"A grandiosa Revolução Humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade."

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Datas Significativas


  • Fevereiro
  • Fevereiro - Mês do Chakubuku

    Campanha do Distrito Kamata em 1952

    Grandes campanhas de propagação da Soka Gakkai marcaram o ressurgimento do budismo em meio à sociedade. Além disso, foram a causa fundamental para alcançar um expressivo desenvolvimento em toda a nação nipônica.

    O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, ao tomar posse em 3 de maio de 1951, lançou um objetivo desafiador: atingir o número de 750 mil famílias na Organização. Desafiador sim, pois na época apenas 3 mil famílias praticavam o budismo.

    Com o levantar de um único discípulo comprometido e apaixonado pelo ideal do Kossen-rufu, toda a Organização se moveu. Esse discípulo era o jovem Daisaku Ikeda. A fim de alcançar o objetivo, Ikeda lançou campanhas de propagação em todo o Japão.

    Aos 24 anos, Daisaku lidera as atividades no Distrito Kamata em Tóquio e alcança 201 conversões em um mês, recorde total para a época e motivo de suspiro por parte dos demais distritos. Certamente em seu coração residia a determinação de fazer algo grandioso durante a juventude, depois de ter ouvido Jossei Toda dizer que a vida para ele que ainda era jovem era longa e que não saberia o destino que teria no futuro. Daisaku Ikeda optou por escrever uma história de vitórias, superando as inúmeras dificuldades enfrentadas sem desistir.

    Num recente discurso, o líder aponta as razões de sua abnegada atuação: “Queria levar alegria ao Sr. Toda por meio de minhas realizações. E eu orei e me empenhei com seriedade para que todos praticassem sentindo orgulho e convicção e para que desfrutassem uma felicidade incomparável e fossem vitoriosos na vida”.1

    O jovem Daisaku Ikeda foi nomeado primeiro relações públicas da Soka Gakkai quando estava com 26 anos. Aos 28, um novo desafio. Lidera as atividades no Distrito Osaka e novamente um recorde absoluto. Entram para a Soka Gakkai nada menos que 11.111 famílias num único mês. Não havia mais dúvidas da sua capacidade de liderança e amor pelas pessoas. Além de um discernimento claro e profundo da filosofia budista.

    Sobre essa Campanha o presidente Ikeda escreveu: "Eu estava totalmente determinado. Foi graças ao Sr. Toda que eu encontrei o maravilhoso Budismo de Nitiren Daishonin e aprendi a seguir o correto caminho da vida. Decidi pagar minha profunda dívida de gratidão que tenho com meu mestre desenvolvendo o movimento em prol do Kossen-rufu. O Sr. Toda sempre dizia ter concretizado todos os objetivos de seu mestre, o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti. Eu igualmente concretizei todos os sonhos e perspectivas do Sr. Toda."

    Nikko Shonin

    Nikko nasceu em 8 de março de 1246 na pequena Vila de Kajikazawa, perto do rio Fuji.
    Ele foi educado pelo avô materno, pois seu pai falecera quando era ainda muito criança e sua mãe casou-se novamente.
    Aos sete anos entrou para o sacerdócio e se dedicou ao estudo da doutrina Tendai, chinês clássico, literatura japonesa, poesia, caligrafia e outras matérias.
    Em 1258 ele foi designado para auxiliar um sacerdote chamado Nitiren Daishonin que buscava nos sutras esclarecimentos sobre as causas das calamidades e desastres que assolavam o Japão e, assim, fundamentar sua mais importante obra, a “Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto para a Paz da Nação”.
    Impressionado com o empenho de Daishonin e sua profunda compreensão dos ensinos budistas, decidiu tornar-se seu discípulo. Ele recebeu de Daishonin o nome de Hoki-bo Nikko e o acompanhou até mesmo em seus exílios à península de Izu e à ilha de Sado quando se iniciaram as perseguições do governo e outras seitas religiosas.
    Ele ajudou Daishonin a escrever várias teses e compilou as preleções sobre o Sutra de Lótus proferidas pelo seu mestre, as quais são conhecidas como “Registro dos Ensinos Orais”.
    Nikko dedicou-se intensamente à propagação dos ensinos de Daishonin em diversas regiões do Japão. Na Província de Atsuhara, isso provocou a ira dos clérigos da seita Tendai e culminou com a primeira perseguição direta aos discípulos de Nitiren, que nessa ocasião, disse a Nikko: “Nenhum de meus discípulos deve ter medo. Se avançarem com uma inabalável convicção, o certo e o errado irão se manifestar de forma clara e infalível.” (Gosho Zenshu, pág. 1.455.)
    Devido aos incentivos diretos de Nikko e às cartas enviadas por Nitiren, os camponeses mantiveram-se firmes em sua fé, mesmo após a decapitação de três deles, que ficaram conhecidos como “Os três mártires de Atsuhara”.
    Observando a profunda fé de seus discípulos diante desse acontecimento, Daishonin convenceu-se de que estavam fortes o suficiente para dedicarem-se à Lei Mística. Isso o levou a inscrever o Dai-Gohonzon, em 12 de outubro de 1279, visando à felicidade de toda a humanidade.
    No final de sua vida, Daishonin designou Nikko Shonin como seu legítimo sucessor por meio de dois documentos escritos em setembro de 1282 (Minobu Sojo Sho, no qual confiava a Nikko todos os seus ensinos, incluindo o Dai-Gohonzon, para a prosperidade futura do budismo); e em 13 de outubro de 1282 (Ikegami Sojo Sho, escrito na residência da família Ikegami pouco antes de falecer.)
    Após o falecimento de Daishonin, dos seis sacerdotes seniores, somente Nikko Shonin manteve-se firme em sua promessa, preservando seus ensinos com pura fé, criando a base para a propagação e transmitindo-os às futuras gerações. Por essa razão, Nikko Shonin representa a figura do sacerdote no conceito dos Três Tesouros do Budismo de Nitiren Daishonin.
    Observando que o Monte Minobu havia se tornado um local de calúnia à Lei, Nikko Shonin decidiu partir. Em “Resposta a Hara”, escrito em 1288, um ano antes, ele explica detalhadamente suas razões e sentimentos ao deixar o local: “Todos os discípulos de Daishonin [os cinco bonzos seniores] voltaram-se contra ele. Eu, Nikko, protejo sozinho os ensinos corretos de Daishonin e me considero como a única pessoa cuja missão é cumprir seu propósito original [da ampla propagação (do Kossen-rufu)]. Assim, nunca me esquecerei de seus verdadeiros desejos.” (Hennentai Gosho, pág. 1.722.)
    Dentre seus escritos constam os “Princípios de Orientação para a Escola Fuji” e “Sobre a Refutação aos Cinco Bonzos Seniores”.
    Em 10 de novembro de 1332, a exemplo de Nitiren, Nikko delegou a seu discípulo Nitimoku Shonin a sucessão dos ensinos de Daishonin em os Artigos da Linhagem de Nikko.
    Em 13 de janeiro de 1333, ele escreveu os 26 artigos de advertência, também chamados de “Preceitos Testamentais de Nikko”, no qual orienta claramente os futuros discípulos de Nitiren Daishonin, assegurando que seus ensinos não fossem deturpados e garantindo a realização do Kossen-rufu — o grande desejo do Buda.
    Ele faleceu em 7 de fevereiro de 1333, mantendo até o último instante o espírito de mestre e discípulo, a essência da prática budista, conforme disse: “Neste ensino [de Daishonin], atinge-se o caminho para a iluminação praticando-se corretamente o caminho de mestre e discípulo. Se nos desviarmos do caminho de mestre e discípulo, cairemos no inferno de incessantes sofrimentos mesmo abraçando o Sutra de Lótus.” (Brasil Seikyo, edição no 1.580, 18 de novembro de 2000, pág. A4.)

    As quatro visitas do presidente Ikeda ao Brasil


    Primeira visita

    O presidente Ikeda desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta da 1 hora da madrugada do dia 19 de outubro de 1960. Essa data foi denominada mais tarde como “Dia da BSGI”.

    Ele havia tomado posse como terceiro presidente da Soka Gakkai cinco meses antes, em 3 de maio, e empreendeu sua primeira viagem para fora do Japão partindo de Tóquio em 2 de outubro — data esta conhecida atual­mente como “Dia da Paz Mundial”.

    Nessa viagem, que durou 24 dias, o presidente Ikeda visitou as cidades norte-americanas de Honolulu, São Francisco, Seattle, Chicago, Nova York, Washington e Los Angeles, além de São Paulo (Brasil) e Toronto (Canadá).

    A exaustiva viagem e os intensos esforços para desbravar os primeiros passos do Kossen-rufu Mundial debilitaram o corpo do jovem líder que, desde a juventude, sofria com problemas de saúde. Em Nova York, os líderes o aconselharam a cancelar a viagem ao Brasil.

    Diante dessa preocupação, o presidente Ikeda disse: “Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando. Jamais cancelaria a viagem sabendo que eles estão me esperando. O senhor sabe perfeitamente que o maior objetivo desta viagem é
    a visita ao Brasil. Chegamos até aqui exatamente para isso. Não podemos desistir na metade do caminho. Houve alguma vez em que o presidente Toda recuou em meio a uma luta?! Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou. Vou sem falta, custe o que
    custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura pode haver nisso?!” (NRH, v. 1, p. 178)

    Com essa determinação, e mesmo ciente do risco que poderia enfrentar, o presidente Ikeda desembarcou em São Paulo.

    No dia 20, diante de cerca de 150 pessoas reunidas no salão do restaurante Chá Flora, no bairro da Liberdade, Capital, ele anunciou a fundação do primeiro distrito fora do Japão, o Distrito Brasil, composto pelas comunidades São Paulo, Arujá e Campinas.

    Nessa ocasião, o presidente Ikeda disse: “O Brasil tornou-se pioneiro do Kossen-rufu Mundial. Aqui existe um potencial ilimitado para o futuro. Como desbravadores da paz e da felicidade, solicito aos senhores que abram em meu lugar o caminho do Kossen-rufu do Brasil. Por favor, conto com os senhores” (NRH, v. 1, p. 199).

    No jantar realizado com os recém-nomeados dirigentes do Distrito Brasil, ele recomendou: “A partir de agora, o Kossen-rufu do Brasil vai alcançar um grande avanço. É importante que os senhores, como dirigentes, em vez de pensar em se tornar flores e frutos, tenham a decisão de se tornar o próprio solo do Brasil para o bem dos companheiros que os sucederão. Ao mesmo tempo, transmitam a todos quão maravilhoso é viver junto com a Soka Gakkai e em prol do Kossen-rufu. (...) Outro ponto importante é a decisão dos senhores de jamais se afastarem da Soka Gakkai, aconteça o que acontecer. Uma vez que se encontram na posição de orientar os membros, se abandonarem a prática da fé, traindo os companheiros, esse ato se constituirá numa falta muito grave. Além disso, chegará a época em que a Soka Gakkai terá de enfrentar várias formas de opressão. Haverá também, com toda a certeza, movimentos que tentarão conturbar a união harmoniosa da Soka Gakkai. Mas é justamente polindo-nos por meio dessas provações que nos tornamos verdadeiros budistas e alcançamos um glorioso curso de vida” (NRH, v. 1, p. 203-204).

    No dia seguinte, 21 de outubro, o presidente Ikeda seguiu viagem para Los Angeles, Estados Unidos, retornando a Tóquio no dia 25. Durante as poucas horas que passou em São Paulo, ele plantou a semente do espírito da unicidade de mestre e discípulo no coração de algumas dezenas de membros daquela época e os incentivou a iniciar o movimento de propagação do Budismo Nitiren em terras brasileiras.

    Segunda visita

    Em pouco mais de cinco anos, desde a fundação, a BSGI alcançou grande resultado na propagação do Budismo promovida por aquelas 150 pessoas que se reuniram no restaurante Chá Flora.

    No início de 1965, o número de membros girava em torno de 2.500 famílias. Essa quantidade cresceu para 5.600 em agosto, e, no fim do ano, chegou a 6.800 famílias. Nos dois primeiros meses de 1966 foram realizadas mais 1.200 conversões, totalizando oito mil famílias.

    Em sua segunda visita ao Brasil, o presidente Ikeda desembarcou no Rio de Janeiro em 10 de março de 1966, acompanhado de sua esposa, Kaneko. No Rio, havia, nessa época, 166 famílias que compunham três comunidades e dez blocos.

    Desde 1964, o Brasil vivia sob regime militar. Assim, os cinco dias da segunda visita do presidente Ikeda transcorreram sob constante vigilância policial em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai.

    O Departamento de Ordem Política e Social — poderosa polícia política da época — rotulou a Soka Gakkai como uma organização política com fachada de instituição religiosa. Com base na suspeita de que o objetivo da visita do presidente Ikeda era o de fundar um partido político no Brasil, seus passos foram vigiados pelos agentes policiais.

    Na manhã do dia seguinte da chegada ao Rio, o presidente Ikeda foi procurado por um jornalista que publicara um artigo difamatório sobre a Soka Gakkai. Na entrevista, ele esclareceu: “A religião existe para proporcionar felicidade às pessoas, para construir um mundo de paz e também para criar uma sociedade cada vez melhor. Esses propósitos fazem parte da missão original que deve ser cumprida pelas religiões. Assim, uma religião que fecha seus olhos e permanece indiferente diante dos sofrimentos das pessoas e dos problemas sociais deve ser qualificada como uma religião morta. No caso do Budismo, cuja essência está embasada no Sutra de Lótus, ele expõe o caminho da benevolência e ensina que todas as pessoas são dotadas da natureza de Buda, revelando a suprema igualdade e o respeito absoluto à dignidade da vida. A Soka Gakkai, por sua vez, tem como objetivo contribuir para a paz e a felicidade das pessoas, aplicando os princípios filosóficos do Budismo nos diversos campos da atividade humana, tais como a arte, a cultura e a educação. Com base nesse pensamento, elegemos nossos membros para atuar também no campo da política” (NRH, v. 11, p. 16).

    O jornalista perguntou-lhe se a Soka Gakkai pretendia criar um partido político no Brasil. A resposta foi clara: “No caso de assuntos relacionados com a crença no Budismo, posso prestar meus conselhos e fazer minhas recomendações. Porém, a questão de como tratar e agir no campo da política deve ser analisada e definida pelos membros de cada país. É um assunto que não devo interferir nem ditar alguma instrução. Antes de tudo, sou japonês e penso que não devo me intrometer nesse assunto.

    Pessoalmente, penso que não há nenhuma necessidade de criar um partido político seja no Brasil, seja em qualquer outro país” (NRH, v. 11, p. 17).

    Depois de algum tempo, esse jornalista publicou uma matéria esclarecendo que não havia nenhum fundamento no alarde criado em torno da Soka Gakkai, rotulando-a de organização fascista. A entrevista concedida pelo presidente Ikeda foi reportada corretamente e os objetivos da Soka Gakkai foram descritos sem distorção.

    Além da entrevista e de se encontrar com membros pioneiros, o presidente Ikeda subiu ao Morro do Corcovado de onde conheceu a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.

    Dois eventos foram o ponto alto da sua segunda visita ao Brasil: o “Festival Cultural da América do Sul”, realizado no dia 13 de março, no Teatro Municipal de São Paulo, com a participação de 1.700 figurantes de várias localidades do Brasil; e o encontro
    com cinco mil membros no Ginásio de Esportes do Pacaembu, também na capital paulista. Esses eventos ocorreram sob a vigilância de centenas de policiais.

    Todo o empenho dos membros dessa época resultou na inauguração da sede própria da BSGI em São Paulo (atual Sede Social da Divisão Feminina da BSGI) cujo imóvel foi adquirido pessoalmente pelo presidente Ikeda durante sua segunda visita ao país. A Organização, que era um distrito, passou a ser composta por três distritos gerais (atual regional ou área) e sete distritos.

    Visita cancelada

    Em 1974, o presidente Ikeda planejou uma viagem aos Estados Unidos e ao Brasil. A BSGI programou, então, a realização de um festival cultural em São Paulo para recebê-lo. Todos os membros o aguardavam com expectativa. Queriam mostrar suas conquistas e reparar o constrangimento da última visita que ocorrera sob rigorosa vigilância policial.

    O festival estava programado para os dias 16 e 17 de março, no Palácio das Convenções do Anhembi. Porém, a emissão do visto de entrada ao país foi negada: o governo brasileiro estava temeroso em função de uma denúncia anônima de que havia um indivíduo perigoso na comitiva.

    Dias antes do festival, o presidente Ikeda disse ao telefone: “Embora eu não possa viajar desta vez, em outra oportunidade, vou sem falta, para incentivar os companheiros do Brasil” (NRH, v. 11, p. 58). A tristeza e a indignação de todos se tornariam a força propulsora para mudar a história.

    No dia 16, pouco antes do início do festival, os figurantes foram avisados do adiamento da visita. O que se seguiu foi um silêncio acompanhado de soluços. Mesmo assim, o festival foi realizado de forma magnífica. No grande final, em uníssono, todos entoaram a canção “Juntos com Sensei”, num brado para comprovar a justiça e trazê-lo ao Brasil.

    Figurantes e espectadores cantaram olhando fixamente para a cadeira vazia no centro da primeira fila do mezanino. Era o lugar que seria ocupado pelo presidente Ikeda. Havia ali apenas um ramalhete que lhe seria entregue como boas-vindas. Embora ele não estivesse no local, com forte sentimento, todos viam, nitidamente, o rosto radiante do presidente Ikeda acenando em direção a eles.

    Durante o período seguinte, os membros brasileiros redobraram os esforços nas atividades para que a BSGI fosse reconhecida como uma organização digna de respeito.

    Os jovens, não permitindo que aquela situação se repetisse, decidiram divulgar amplamente os ideais Soka à sociedade. A partir de então, muitos festivais e atividades culturais dos mais variados tipos foram promovidos. A BSGI participou de diversos eventos sociais. Dessa forma, a Organização cresceu e o rigoroso inverno chegava ao fim.

    Terceira visita

    Foram dezoito anos de espera, mas, em 19 de fevereiro de 1984, o presidente Ikeda desembarcou em São Paulo, em sua terceira visita ao Brasil.

    Durante os onze dias de permanência em solo brasileiro, ele viajou para Brasília, onde manteve audiências com o presidente da República, com os ministros da Casa Civil, da Educação e Cultura e das Relações Exteriores, e também visitou e doou livros
    para a Universidade de Brasília. Nos intervalos desses compromissos, encontrou-se com os membros e os incentivou calorosamente.

    No dia 25 de fevereiro, o presidente Ikeda surpreendeu com sua repentina presença os milhares de figurantes e integrantes da Organização que se encontravam no Ginásio de Esportes do Ibirapuera, em São Paulo.

    Quando ele surgiu no ginásio e começou a dar a volta na pista olhando para os membros que lotavam as arquibancadas, uma forte ovação e um turbilhão de vozes estremeceram o local. Todos aguardavam por esse grande momento.

    Depois de percorrer o Ginásio com os braços erguidos, ele pegou o microfone e externou seu profundo sentimento aos membros do Brasil: “Sinto-me muito feliz por estar aqui junto com todos os senhores. Foram dezoito anos de longa espera, mas finalmente pude reencontrar-me com os senhores, que são sublimes mensageiros do Buda. Este grandioso festival cultural ficará, sem dúvida alguma, gravado eternamente na história do Kossen-rufu do Brasil. Até chegar este momento, quanto avanço e quanta devoção não houve da parte dos senhores e quão belos laços de solidariedade não se formaram entre todos! Neste momento, meu sentimento é o de abraçar cada um dos senhores, apertar a mão de cada um e louvar com lágrimas nos olhos e profunda gratidão o nobre empenho de todos. A Lei Mística é a fonte inesgotável da criatividade cultural que construirá o novo século. Declaro com toda a determinação que este é o caminho absoluto para edificar um mundo de verdadeira paz e felicidade” (NRH, v. 11, p. 73-74).

    Em coro, os figurantes e os espectadores cantaram com altivo orgulho “Saudação a Sensei”. Essa canção encorajou os companheiros do Brasil nos momentos mais difíceis, incentivando-os a desafiar os próprios limites. Foi a canção que criou a forte
    solidariedade e o companheirismo entre os valorosos membros de todos os recantos das terras brasileiras.

    A partir de então, a BSGI avançou na vanguarda do movimento pelo Kossen-rufu em direção ao século 21, surpreendendo o mundo com seu resplandecente desenvolvimento tal como o Sol que se ergue imponente e destemido lançando raios dourados pelo
    céu.

    Quarta visita

    O presidente Ikeda desembarcou no dia 9 de fevereiro de 1993 no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde foi recebido por inúmeras personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde.

    Além de manter inesquecíveis encontros com os membros, o presidente Ikeda foi acolhido como sócio correspondente da ABL e homenageado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Na sequência, viajou para Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai) e Santiago (Chile), retornou a São Paulo e permaneceu no Centro Cultural Campestre da BSGI.

    O governo paulista homenageou-o com a Medalha dos Bandeirantes, com o título de “Educador Emérito da Escola Pública do Estado de São Paulo” e de “Professor Visitante Honorário” da Universidade de São Paulo.

    No Paraná, o presidente Ikeda foi homenageado com a “Ordem do Pinheiro” pelo governo do Estado, com os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Paraná e de Cidadão Honorário de Londrina.

    No Centro Cultural Campestre, ele participou da Convenção Sul-Americana da SGI, da 16ª Convenção da SGI e de vários outros eventos.
    Durante os memoráveis dias em que esteve em terras brasileiras, o presidente Ikeda vivenciou o grande avanço da BSGI desde a sua primeira visita em 1960.

    Ao longo de 2010, a BSGI comemorou seu cinquentenário em diversas atividades, entre as quais a Convenção Comemorativa do “Brasil Monarca do Mundo”, realizada de forma inédita na cidade de Manaus, Amazonas, orgulhando-se em manter a relação de mestre e discípulo como fonte primordial de seu crescimento desde a fundação.

    11 de fevereiro - Nascimento de Jossei Toda

    Jossei Toda

    Jossei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, nasceu em 11 de fevereiro de 1900 na Província de Ishikawa, Japão, e era o filho mais novo de uma família numerosa. Quando nasceu, seu pai, Jinshiti, estava com 44 anos e sua mãe, Sue, com 39.
    Quando Toda tinha dois anos, sua família viu-se obrigada a abandonar o comércio marítimo e a buscar uma nova vida no vilarejo pesqueiro de Atsuta, em Hokkaido, na costa selvagem e tempestuosa do norte do Mar do Japão.
    Toda cresceu numa casa simples de madeira próxima do Rio Atsuta. Da janela do quarto onde costumava estudar, apreciava a magnífica vista do oceano. Em certa ocasião, ele disse: “Esta é minha amada praia (1). Fui criado por este mar e pela rigorosidade da natureza.” No inverno, podia-se ouvir o ruído dos pingentes de gelo que caíam. Toda sempre ansiava pela primavera e se sentia feliz quando ela finalmente chegava.
    Sabendo que as groselhas eram abundantes na nascente do Rio Atsuta, ia visitar os agricultores rio acima, carregando com ele um pacote de algas marinhas. Trocava-as por groselhas, que por sua vez vendia, usando o dinheiro para comprar presentes para seus pais.
    Aos oito anos, perdeu o irmão mais velho. A morte chocou-o profundamente e deixou nele uma impressão duradoura. Pelo resto da vida, não conseguiu deixar de lado a preocupação com as grandes questões da vida e da morte. Ainda criança, esses problemas começaram a tomar forma em sua mente.
    Toda foi um menino inteligente e sensível, apesar de não ter sido robusto. Demonstrou grande inclinação para os estudos, e particularmente era hábil em álgebra. Nos níveis superiores era freqüentemente chamado para substituir o professor nas aulas. Concluiu com honra o curso na Escola Atsuta, em 1914, mas não pôde continuar os estudos. Embora o diretor da escola e outros amigos lamentassem sua saída, ele foi obrigado a trabalhar para ajudar no sustento da família.
    Devido às condições financeiras, Toda possuía poucos livros. Ao visitar seu professor, ficava admirado ao ver as estantes enfileiradas de livros sobre literatura e filosofia.
    Certa ocasião, seu professor questionou-o por que não tentava ler todos, dizendo que os emprestaria um de cada vez até que todas as suas estantes ficassem vazias. Todos os dias, Jossei Toda lia avidamente seus livros. Quando adulto, manifestou que tudo o que era devia a esse grande incentivo recebido.
    Para retribuir ao professor, resolveu doar livros para as escolas de Atsuta, surgindo desse ato a tradição da Soka Gakkai de doar livros para bibliotecas de escolas e universidades para promover a educação e a cultura.
    Em 1915, entrou como aprendiz na Companhia Kokoro de Saporo, no ramo de atacado de roupas, papelaria e miudezas. Embora o ambiente fosse pouco favorável aos estudos, aproveitava todos os momentos vagos para ler. Dois anos depois, apesar de não possuir curso superior, passou nos exames que lhe davam crédito para professor primário assistente. Em 1918, começou formalmente sua carreira na educação, lecionando na sexta série da Escola Primária Mayati, na desolada região de minas de carvão de Yubari. Toda morava na casa de um mineiro e a família de um dos alunos lhe oferecia as refeições. Embora fosse rigoroso, seus alunos tinham grande carinho por ele e invadiam sua pequena sala após as aulas para estudar e brincar. Apesar de ter permanecido ali por pouco tempo, deixou uma profunda impressão nas crianças, mesmo muitos anos depois, já adultas, ainda se lembrariam dele com afeição.
    Enquanto ensinava, Toda dedicava-se a seus próprios estudos e, nos dois anos seguintes, passou nos exames que o habilitariam a lecionar Química, Física, Geometria, Álgebra e matérias regulares do primário. Em 1920, Toda conseguiu firmar-se como professor, mas o vilarejo pobre e distante era muito pequeno para conter suas esperanças. Em março, após se despedir de seus pais, ele partiu para Tóquio.
    Seus primeiros meses na capital foram desencorajadores. Sem encontrar cargo no magistério, teve de trabalhar como office boy, além de executar outros serviços temporários. O que o atormentava acima de tudo, mais do que as dificuldades financeiras, foi não ter um mestre que lhe possibilitasse estabelecer visões corretas da vida.
    Naquela época, passou a se chamar Jogai, que significa “fora do castelo”. Sem um mestre, ele sentia toa a solidão de um samurai sem um lorde a quem prestar lealdade.
    Em meados de agosto, foi apresentado a Tsunessaburo Makiguti, diretor da Escola Primária Nishimati, um homem de idéias ímpares e práticas sobre a educação e que era visto com desconfiança pelos mais conservadores. Os métodos de ensino daquela época confiavam fortemente em currículos fixos e na memorização de fatos irrelevantes. A educação era dificultada por restrições tradicionais e havia pouco campo para as mentalidades renovadoras.
    Impulsivamente, Toda rogou a Makiguti que o empregasse, prometendo: “Transformarei mesmo as crianças mais atrasadas em excelentes alunos.” Makiguti aceitou-o como professor substituto. Assim, ele encontrou aquele que seria seu mestre por toda a vida. Jossei Toda tinha 19 aos, e Makiguti, 48. A partir daquele dia, trabalharam juntos em tudo, compartilhando alegrias e tristezas.
    A obra Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores de Makiguti foi publicada em 18 de novembro de 1930, marcando o nascimento da Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de valores), a predecessora da Soka Gakkai. Era a primeira vez que o nome dessa organização aparecia impresso na ourela de um livro. Makiguti era seu presidente e Toda, o diretor geral.
    Em 1939, irrompeu a Segunda Guerra Mundial resultante do choque de interesses entre as nações que dividiam o mercado internacional desde o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), somando às pretensões dos alemães de dominar o mundo.
    Um ano após, o Japão aliou-se à Alemanha e à Itália e ocupou a Indochina em 1941. Sua expansão militar entrou em choque com os Estados Unidos e, em 7 de dezembro de 1941, os japoneses realizaram um ataque surpresa a Pearl Harbor, no Havaí.
    À medida que o Japão avançava na guerra, o sofrimento do povo aumentava. O governo militarista japonês adorava a Deusa do Sol do xintoísmo. Na iminência de ser derrotado, defendia que a nação deveria se unir em uma só prece à deusa a fim de obter proteção. Assim, a nação japonesa tentou unificar todas as religiões, chegando a ponto de encorajar todos os cidadãos a adorarem a Deusa do Sol.
    Tsunessaburo Makiguti opôs-se categoricamente ao governo, afirmando eu a nação seria destruída se continuasse a adorar a Deusa do Sol e a menosprezar o Sutra de Lótus.
    Nem mesmo o clero da Nitiren Shoshu escapou desse pensamento distorcido e, com medo da investida militar, optou por aceitar o talismã xintoísta, que representava a adoração á deusa.
    Em junto de 1943, os líderes da Soka Gakkai receberam uma ordem para irem ao Templo Principal. O clero da Nitiren Shoshu sugeriu que os membros da Soka Gakkai recebessem o talismã xintoísta de qualquer forma e que seguissem provisoriamente as normas militares.
    Ao relatar essa época, Jossei Toda escreveu: “O presidente Makiguti rejeitou resolutamente a idéia de aceitar o talismã xintoísta e deixou o Templo Principal. No caminho de casa, ele me disse: ‘O que lamento não é o fato de uma religião ser arruinada, mas que nossa nação perecerá. Temo que o Buda esteja triste com esta situação. Não seria esta a época de advertir toda a nação? Eu não compreendo que o Templo Principal teme. (...)’.”
    “O presidente Makiguti, eu próprio e nossos companheiros fomos proibidos de visitar o Templo Principal, e todo o Japão taxou nossas famílias de inimigas da nação. Foi como aconteceu, foram dias muito estranhos.” (2)
    Em 6 de julho de 1943, Makiguti e Toda foram presos e encaminhados para o Centro de Detenção de Sugamo. Makiguti, fraco e desnutrido, faleceu na prisão em 18 de novembro de 1944. No dia anterior, ele havia se vestido cuidadosamente com trajes formais e pediu para ser levado ao ambulatório. “Eu não soube de imediato sobre a morte de meus mestre”, escreveu Toda. “A última vez que o vi foi no inverno de 1943, no posto policial onde estávamos presos. Fomos encarcerados em celas estreitas e individuais. (...)”
    “Em 8 de janeiro de 1945, um ano e meio após ser preso, disseram-me que o Sr. Makiguti havia falecido. Quando retornei à minha cela, não pude conter as lágrimas.”
    “Quase na mesma época da morte do presidente Makiguti, eu havia completado aproximadamente dois milhões de Daimoku e experimentei uma condição de vida profundamente mística graças à grande benevolência do Buda Original. Após isso, dediquei todo meu tempo a questionamentos, recitando Daimoku e sentindo a alegria por ter sido capaz de compreender o Sutra de Lótus, que fora tão difícil de entender a princípio.”
    “Enquanto estava sendo interrogado, fui informado de que a maioria de nossos companheiros havia abandonado a prática. Lamentei profundamente a fraca fé deles mas, ao mesmo tempo, experimentei a alegria da gratidão ao Dai-Gohonzon das profundezas de meu coração. Decidi dedicar toda minha vida ao Buda Original Nitiren Daishonin.” (3)
    Da prisão ele escreveu uma carta de encorajamento a seu filho: “Seu pai não poderá vê-lo por um bom tempo. Desejo fazer um trato. Recite cem Daimoku ao Gohonzon numa hora determinada da manhã de acordo com sua conveniência. Nessa hora, seu pai também recitará cem vezes o Daimoku. Nesse ínterim, as ‘duas intenções’ se comunicarão como telégrafos sem fio. Assim poderemos conversar. Se seus avós e sua mãe desejarem acompanhá-lo, deixe-os à vontade.” (4)
    Toda foi libertado em3 de julho de 1945, um mês antes do cessar-fogo. Tóquio estava em ruínas, e os membros da antiga Soka Kyoiku Gakkai estavam dispersos. Em seu coração, disse a seu mestre: “Nossa vida é eterna. Não há início nem fim para ela. Estou agora consciente de que todos nós aparecemos neste mundo com a grande missão de propagar os sete caracteres do Sutra de Lótus nos Últimos Dias da lei. Se fosse para nos definir, diria com convicção que todos nós somos Bodhisattvas da Terra.” (5)
    Quando Toda saiu da prisão, estava com 45 anos de idade e pesava menos de 40 quilos. Antes de ser aprisionado, tinha quase 70 quilos. Estava desnutrido, com tuberculose, asma, cardiopatia, diabete hemorróida e reumatismo. Além disso, continuava a sofrer de diarréia crônica, doença característica dos desnutridos. Sua forte miopia reduziu terrivelmente a capacidade visual a ponto de quase perder uma das vistas.
    A reconstrução seria uma tarefa difícil e solitária, mas ele não se deixou abalar. Nessa época, mudou seu nome para Jossei, que significa “sábio do Castelo”, nome que refletia a convicção de alguém que havia despertado para o propósito de sua vida.
    O nome Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valores) foi mudado para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores) refletindo a determinação de Toda de que a nova organização deveria transcender os objetivos puramente educacionais da sociedade, engajando-se de forma mais ativa no campo da cultura e tendo como objetivo básico a promoção da paz mundial.
    No ano de 1947, Jossei Toda encontrou-se com Daisaku Ikeda, um jovem de 19 anos, que buscava uma verdadeira filosofia de vida. Adotando Toda como seu mestre, Ikeda abraçou seus ideais e se tornou seu discípulo imediato, dedicando-se à reconstrução da Soka Gakkai.
    Nessa época, o Japão encontrava-se em séria crise financeira e a editora de Toda estava à beira da falência.
    Mesmo nessa situação, Daisaku Ikeda manteve-se fiel a Toda e continuou trabalhando ao seu lado.
    As críticas que recaíam sobre Jossei Toda e a Soka Gakkai eram constantes. Dessa forma, com o sentimento de bradar pela verdade e justiça e de propagar o ideal da paz para todo o Japão e os povos da Ásia, Toda lançou o desafio de criar um jornal — o Seikyo Shimbun.
    Juntamente com Daisaku Ikeda, Toda publicou a primeira edição do jornal em 20 de abril de 1951. Inicialmente, o periódico era constituído de uma única folha impressa, com uma tiragem de 5 mil cópias e publicado a cada dez dias. Hoje a tiragem do Seikyo Shimbun ultrapassa 5,5 milhões de exemplares.
    Pouco depois, em 3 de maio de 1951, Toda tornou-se o segundo presidente da Soka Gakkai.
    Ele viveu num ritmo alucinante a fim de reconstruir a Soka Gakkai. Edificou organizações de base, realizou reuniões de palestra por todas as partes do Japão, orientou os membros sobre diversos assuntos, fez visitas às famílias e fundou as Divisões das Senhoras, das Moças e dos Rapazes.
    Ainda no ano de 1951, visando a comemorar os setecentos anos do estabelecimento do Verdadeiro Budismo, Toda anunciou o projeto de publicação das escrituras completas de Nitiren Daishonin (Gosho). Com o auxílio de seu discípulo, Daisaku Ikeda, a obra foi lançada em 28 de abril de 1952.
    Em 1953, observando o desenvolvimento da organização, Toda desejava que Makiguti estivesse vivo para ver como a pequena sociedade que fundara havia crescido, tornando-se uma organização de 50 mil famílias.
    Constantemente, dizia: “Quero acabar com a miséria da face da Terra.”

    Nitiren Daishonin

    Nitiren Daishonin nasceu em 16 de fevereiro de 1222, em Kominato, na Província de Awa, a leste da atual Baía de Tóquio, como filho de uma família de pescadores. Seu pai chamava-se Mikuni no Tayu e sua mãe, Umeguikunyo.
    Quando nasceu recebeu o nome de Zenniti-maro, e com a idade de 12 anos entrou para o templo Seityoji a fim de estudar o budismo.
    Com dezesseis anos, entrou para o sacerdócio, tendo como mestre o bonzo Dozen-bo, e recebeu o nome de Zesho-bo, Rentyo. Desse dia em diante, devotou-se inteiramente ao estudo de todas as escrituras budistas.
    Ele visitou os principais templos e leu todos os sutras e tratados. Como resultado, aprendeu a essência do budismo, compreendendo a doutrina e o método para a salvação de todas as pessoas. Após dezesseis anos de estudo e prática, compreendeu que o ensino fundamental do budismo é o Sutra de Lótus.
    Ao meio-dia de 28 de abril de 1253, no templo Seityoji, ele proclamou o Nam-myoho-rengue-kyo como único e verdadeiro ensino de Mappo, estabelecendo o Verdadeiro Budismo. Estava então com 32 anos (1) de idade.
    Nessa ocasião, nomeou a si próprio de Nitiren (literalmente, Sol de Lótus).
    Quando Daishonin declarou a Verdadeira Lei, refutou a seita Nembutsu (ou Jodo) afirmando ser a causadora do inferno de incessantes sofrimentos. Isso despertou o ódio de Tojo Kaguenobu, lorde da área e seguidor da seita Nembutsu. Banido de Seityoji, Daishonin foi para Kamakura, a sede do governo na época.
    Numa pequena cabana, num local chamado Matsubagayatsu, ele iniciou sua atividade para a salvação de todas as pessoas.
    Nos dias de Nitiren Daishonin, as três calamidades e os sete desastres (2) aconteceram sucessivamente. Em particular, um grande terremoto abalou Kamakura em agosto de 1257, e destruiu quase todos os seus principais prédios. Tendo como motivo esse terremoto, Daishonin visitou o templo Jissoji para ponderar sobre a causa das três calamidades e dos sete desastres e também sobre como erradicar essa causa. Foi durante sua estada nesse templo que Nikko Shonin tornou-se seu discípulo.
    No dia 16 de julho de 1260, Nitiren Daishonin endereçou um tratado intitulado Rissho Ankoku Ron (A Pacificação da Terra por meio da Propagação do Verdadeiro Budismo) para Hojo Tokiyori, um ex-regente que exercia enorme influência sobre o governo da época.
    O tratado afirmava que a causa das três calamidades e dos sete desastres estava na calúnia das pessoas à Verdadeira Lei e na aceitação de doutrinas que contradiziam o ensino do Buda.
    Entretanto, Tokiyori rejeitou a admoestação de Daishonin. Enquanto isso, com o apoio de Hojo Shiguetoki, o pai do então regente Hojo Nagatoki, um grupo de seguidores da seita Nembutsu reuniu-se em Matsubagayatsu, na cabana de Daishonin, para assassiná-lo. Esse acontecimento é conhecido como “Perseguição de Matsubagayatsu”, e ocorreu na noite de 27 de agosto de 1260.
    Daishonin escapou por pouco dessa perseguição, mas foi banido para a localidade de Ito, na Província de Izu, em 12 de maio de 1261. A ordem do regente — o exílio — foi na realidade uma decisão ilegal embasada somente em seus sentimentos pessoais.
    Em fevereiro de 1263, Hojo Tokiyori emitiu o perdão permitindo que Daishonin retornasse a Kamakura. No dia 11 de novembro de 1264, quando Nitiren Daishonin ia visitar Kudo Yoshitaka, chefe do poderoso clã em Awa e um de seus devotados seguidores, sua comitiva chegou a um local chamado Komatsubara, onde subitamente, a tropa de Tojo Kaguenobu atacou. Essa foi a “Perseguição de Komatsubara”.
    No dia 18 de janeiro de 1268, emissários mongóis chegaram a Kamakura levando ordens de submissão ou guerra. Presenciando a invasão estrangeira que ele havia predito no Rissho Ankoku Ron, mais uma vez admoestou os governantes, dizendo que deveriam converter-se ao Verdadeiro Budismo.
    No dia 12 de setembro de 1271, Hei no Saemon, chefe da força militar, ordenou que Daishonin depusesse na corte para investigações. Daishonin enfrentou-o destemidamente e advertiu-o sobre a conduta errônea do governo. Como resultado, dois dias depois ele foi preso como um rebelde por guerreiros liderados por Hei no Saemon. Esse chefe militarista arbitrariamente decidiu decapitar Daishonin à meia-noite no campo de execução de Tatsunokuti, em Kamakura.
    Entretanto, não foi possível decapitá-lo, pois no momento da execução, “um corpo celeste tão brilhante quanto a Lua surgiu repentinamente na direção de Enoshima e atravessou rapidamente o céu de Sudeste a Noroeste. Era pouco antes da alvorada e estava muito escuro para ver o rosto de qualquer pessoa, entretanto, o objeto clareou todos. O carrasco caiu cobrindo sua face, e seus olhos cegaram-se. Em pânico, alguns soldados fugiram para longe, outros caíram de seus cavalos e outros ainda esconderam-se atrás das selas.” (“Comportamento do Buda”, END, vol.1, pág.163.) Esse acontecimento é chamado de “Perseguição de Tatsunokuti”.
    Nesse momento, Nitiren Daishonin abandonou sua condição transitória como Bodhisattva Jogyo, ao mesmo tempo em que provou a si mesmo ser o Buda Original da Suprema Sabedoria. Esse fato é chamado de Hosshaku Kempon (abandonar a forma transitória e revelar a verdadeira identidade).
    Após a tentativa malsucedida de execução, o governo decidiu banir Daishonin para a Ilha de Sado. Forçado a permanecer numa pequena choupana, sem alimentos e em meio a um frio intenso, ele sofreu ataques contínuos por parte dos bonzos inimigos que viviam no local. Apesar de viver em circunstâncias tão severas, Daishonin escreveu muitas obras importantes nesse local.
    O exílio em Sado dividiu em duas fases a vida dedicada à propagação. Desde que recitou pela primeira vez o Nam-myoho-rengue-kyo em 28 de abril de 1253 até o seu segundo exílio na Ilha de Sado, ele somente propagou o Daimoku e não se referiu aos “Três Grandes Ensinos Fundamentais”. Após a Perseguição de Tatsunokuti e seu exílio em Sado, Nitiren Daishonin assume a sua identidade como Buda Original dos Últimos Dias da Lei, ou o Buda Original da Suprema Sabedoria. Posteriormente, ele inscreveu o Gohonzon, expondo seus importantes ensinos e finalmente atingindo o propósito de seu advento — o estabelecimento do Dai-Gohonzon do Verdadeiro Budismo.
    Dos escritos que completou na Ilha de Sado, os dois mais importantes são “Abertura dos Olhos” e “O Verdadeiro Objeto de Adoração”. Ele iniciou a preparação de “Abertura dos Olhos” em 1271 e terminou em fevereiro de 1272. Essa escritura é a prova documental da revelação do Buda Original. Nela Nitiren Daishonin expõe que ele próprio é possuidor das “três virtudes de soberano, mestre e pais”, e que é o “Buda Original dos Últimos Dias da Lei”, ou o “objeto de adoração em termos de Pessoa”.
    Ele escreveu “O Verdadeiro Objeto de Adoração” em abril de 1273, no qual esclareceu que o Gohonzon é o objeto de devoção para a salvação de todas as pessoas nos Últimos Dias da Lei e a forma como o Daimoku deve ser recitado. Nitiren Daishonin inscreveu a sua condição de vida em forma de um mandala, revelando desse modo o “objeto de devoção em termos de Lei”.
    Assim, ele ensina que as pessoas nos Últimos dias da Lei devem abraçar o Gohonzon de nimpo ikka (unicidade de Pessoa e Lei) e recitar o Daimoku com fé a fim de atingir a iluminação nesta vida.
    Perdoado de seu exílio na Ilha de Sado em fevereiro de 1274, Nitiren Daishonin retornou a Kamakura em março. Em 8 de abril, apresentou-se perante Hei no Saemon, oficial representante do regente Hojo Tokimune.
    Diferente da primeira ocasião, Hei no Saemon mostrou-se gentil e polido quando perguntou a Nitiren Daishonin sua opinião sobre o ataque mongol, e quando isso ocorreria. Daishonin respondeu claramente: “Eles certamente chegarão ainda este ano”, como consta no Gosho “Comportamento do Buda”. Também admoestou os oficiais contra a aceitação de religiões heréticas e solicitou-lhes que buscassem a fé no Verdadeiro Budismo a fim de evitar a invasão.
    Entretanto, uma vez mais recusaram a advertência e Daishonin decidiu viver em reclusão na Vila haguiri, situada aos pés do Monte Minobu, na Província de Kai.
    Em outubro de 1274, as forças mongóis atacaram Ikki e Tsushima, duas das ilhas situadas no Sudoeste do Japão, e então seguiram para a Baía Hakata, na costa nordeste de Kyushu. Nitiren Daishonin devotou-se totalmente preparando os seus discípulos e trabalhando em volumosas teses tais como “A Seleção do Tempo” e “Retribuição aos Débitos de Gratidão”. Além disso, transferiu oralmente seus profundos ensinos a seu sucessor imediato, Nikko Shonin, os quais se encontram no Ongui Kuden (Registro dos Ensinos Orais), Hyaku Rokka Sho (As Cento e Seis Comparações) e Honnin-myo Sho (Sobre a Verdadeira Causa);
    Em 21 setembro de 1279, vinte camponeses e seguidores de Nitiren Daishonin, que viviam Atsuhara, foram injustamente detidos. Eles foram levados a Kamakura e aprisionados, sendo coagidos a abandonar a fé no Budismo de Daishonin, mas persistiram, sem ceder às torturas praticadas pelos guardas de Hei no Saemon. Mais tarde, os três irmãos Jinshiro, Yagoro e Yarokuro foram executados, enquanto dezessete outros seguidores foram banidos de suas terras. Essa foi a “Perseguição de Atsuhara”.
    Mais tarde, Daishonin mudou-se para um templo chamado Minobu-zan Kuonji. Depois, transferiu a totalidade de seus ensinos a Nikko Shonin. Em 13 de outubro de 1282, faleceu aos 61 anos (3) na residência de Munenaka Ikegami.