"A grandiosa Revolução Humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade."

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sábado, 14 de abril de 2012

Espírito de gratidão 1a parte


Espírito de gratidão

1a parte

No escrito “Retribuição aos débitos de gratidão”, o Buda Nitiren Daishonin observa: “A velha raposa jamais esquece a colina onde nasceu; a tartaruga branca retribui a gentileza que havia recebido de Mao Pao. Se mesmo criaturas inferiores sabem o suficiente para agir assim, então os seres humanos deveriam fazê-lo muito mais!”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 17.)
Neste escrito, Nitiren Daishonin nos ensina a importância de retribuir à dívida de gratidão com os pais, o mestre, os três tesouros do budismo e o soberano, também conhecidos como “os quatro débitos de gratidão”. Algumas fontes citam o débito de gratidão com todos os seres vivos. 
Ele ressalta a importância de saldar o débito de gratidão como uma atitude fundamental do comportamento humano. Enfatiza especificamente a dívida com o mestre e afirma que, para retribuir tal dedicação, a pessoa deve compreender o budismo e atingir a iluminação. Para isso, ela deve se dedicar com determinação à prática budista sendo que, para atingir a iluminação, deve também praticar o ensino correto. Mas qual é o ensino correto?
Os Três Tesouros constituem um importante princípio que se refere aos três elementos essenciais que definem a linhagem de uma doutrina budista. Servem para analisar se a linhagem do budismo está sendo transmitida de acordo com o ensino do fundador.
Os Três Tesouros são: Tesouro do Buda, que se refere ao próprio Buda; Tesouro da Lei, que corresponde ao ensino revelado pelo Buda; e Tesouro do Sacerdote, que se refere ao discípulo ou à ordem budista que herda, transmite e propaga a Lei ou o ensino do Buda. No Budismo Nitiren, o Tesouro do Buda refere-se a Nitiren Daishonin; o Tesouro da Lei, ao objeto de devoção (Gohonzon); e o Tesouro do Sacerdote, a Nikko Shonin, o sucessor imediato de Nitiren Daishonin. 
O termo honzon, de Gohonzon, é uma denominação genérica de diversos tipos de objetos de devoção adotados por diferentes religiões. Como uma maneira para indicar de forma específica o objeto de devoção inscrito por Nitiren Daishonin, colocou-se o prefixo de tratamento go, que denota respeito, consideração, honra etc. 
Existem muitos grupos religiosos que se dizem seguidores do Budismo Nitiren. Por isso, a aplicação do critério dos Três Tesouros é a forma mais correta para julgar a legitimidade deles.
Além da fé e da prática, o budismo dá ênfase ao estudo para que as pessoas não sigam cegamente uma doutrina que não corresponde aos critérios dos Três Tesouros. Ao estudar os escritos de Nitiren Daishonin, os leigos chegam à conclusão de que Nitiren Daishonin é o Tesouro do Buda, que o honzon inscrito em 12 de outubro de 1279 é o Tesouro da Lei e que Nikko Shonin é seu legítimo sucessor, ou Tesouro do Sacerdote. Portanto, o Gohonzon que os membros da SGI abraçam pertence à linhagem de Nikko Shonin, isto é, refere-se ao Gohonzon transferido por Nitiren Daishonin para ele, o Tesouro do Sacerdote. A Soka Gakkai é a única associação de leigos budistas dos tempos atuais que perpetua os Três Tesouros do Budismo Nitiren.

Espírito de gratidão


Espírito de gratidão

2a e última parte

Na prática, ou seja, na vida diária, de que forma podemos saldar os débitos de gratidão, conforme ensinado pelo Buda Nitiren Daishonin?
Por ter a boa sorte de abraçar o ensino do Nam-myoho-rengue-kyo, devemos recitá-lo diariamente “sem poupar a própria vida”.
Em um diálogo sobre o Sutra de Lótus, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica o conceito de praticar a Lei Mística “sem poupar a própria vida”: “O ensino fundamental do Sutra de Lótus e do Budismo Nitiren expõe que as pessoas comuns — exatamente da forma como são — devem viver como seres humanos, declararem-se seres humanos e empreender sinceros esforços em prol da felicidade das outras pessoas. Essa atitude equivale a dedicar-se totalmente à luta, levantar-se contra as adversidades. Isso é o que significa praticar sem poupar a própria vida”. (Brasil Seikyo, edição no 1.544, 19 de fevereiro de 2000, pág. A3.)
Ou seja, é viver desafiando a si mesmo, enfrentar corajosamente as próprias fraquezas em meio à realidade da vida diária. 
A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo engloba a “fé” e a “prática”. A “fé” é um desafio pessoal que implica orar com total convicção o Nam-myoho-rengue-kyo, ou seja, recitar diariamente o Gongyo e o Daimoku. E a “prática” refere-se a recomendar essa recitação a outras pessoas para despertar nelas o desejo de praticar o Budismo Nitiren. Portanto, “sem poupar a voz” significa recitar e propagar o Nam-myoho-rengue-kyo com toda a convicção, realizando o Chakubuku (ensinar o Budismo a outras pessoas) de forma incansável visando a felicidade de si e de outras pessoas, independentemente de quem sejam. 
Em uma carta endereçada a seu jovem discípulo, Nanjo Tokimitsu, o Buda Nitiren Daishonin conta a história de um menino chamado Vitoriosa Virtude que, não tendo nada a oferecer ao Buda Sakyamuni, moldou um bolo de lama e ofereceu-lhe sinceramente. Devido a esse nobre sentimento, esse menino nasceu em uma existência posterior como o rei Asoka. Nitiren Daishonin declara: “No entanto, o Buda Sakyamuni ensina que a pessoa que faz oferecimentos ao devoto do Sutra de Lótus nos Últimos Dias, mesmo por um único dia, receberá benefícios cem, mil, dez mil, um milhão de vezes maiores do que se tivesse oferecido incontáveis tesouros ao Buda por um milhão de kalpas”. (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1.097.) 
Referindo-se a essa história, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma que as pessoas que se dedicam em prol do Kossen-rufu estão diretamente ligadas a Nitiren Daishonin, e os benefícios serão tão imensos que não há como medi-los. 
Avançar ininterruptamente com o mestre sem se abalar pelos obstáculos e maldades que tentam tirar a alegria de viver pelo grande ideal de concretizar o Kossen-rufu é também uma forma de retribuir os débitos de gratidão.

Estabelecimento do Verdadeiro Budismo


Estabelecimento do Verdadeiro Budismo

Foi na manhã do dia 28 de abril de 1253 que Nitiren Daishonin recitou pela primeira vez o Nam-myoho-rengue-kyo, proporcionando às futuras gerações a chave para abrir a porta que as separa do tesouro da iluminação oculto dentro de seu coração. Às doze horas desse dia, expôs sua doutrina na presença de seu mestre, religiosos e pessoas que se reuniram no Templo Seityoji, afirmando que o Sutra de Lótus é supremo e o Nam-myoho-rengue-kyo é a essência deste.

O Nam-myoho-rengue-kyo é o ensino perfeitamente dotado, a prática ininterrupta do auto-aprimoramento, a sabedoria, o Buda verdadeiro, a Lei da Vida, o som que gera a harmonia com a Lei do Universo, o ritmo fundamental do cosmos. Enfim, Nam-myoho-rengue-kyo é a essência básica da vida na qual existe uma lei atuante, eterna e imutável. Tanto a vida do Universo como a vida do ser humano, toda a matéria e fenômenos existentes, são regidos por essa lei que processa as mutações em geral.

Numa passagem de Daishonin lemos: “Nam, de Nam-myoho-rengue-kyo, deriva do sânscrito, e Myoho-rengue-kyo deriva do chinês. Sânscrito e chinês reúnem-se em um único momento para formar o Nam-myoho-rengue-kyo.” (Gosho Zenshu, pág. 708.) Portanto, o Nam-myoho-rengue-kyo está representado por palavras da Índia e da China, isto é, da transcrição fonética da palavra sânscrita Namas e dos caracteres Miao-falien-hua-ching, tradução chinesa do título sânscrito do Sutra de Lótus, Saddharma-pundarika-sutra, cuja pronúncia em japonês é Myoho-rengue-kyo.

Ao ser perguntado sobre a necessidade de traduzir o Nam-myoho-rengue-kyo para a língua de cada país, o presidente Ikeda respondeu: “O Nam-myoho-rengue-kyo é a Lei eterna e imutável, e por isso não há necessidade de traduzi-lo para que os estrangeiros possam recitá-lo. Não há problema em traduzir as escrituras para o alemão ou para o inglês a fim de interpretar o significado do Nam-myoho-rengue-kyo, mas o Daimoku a ser recitado é Nam-myoho-rengue-kyo em qualquer lugar. O Daimoku é a língua universal que nos liga diretamente ao Buda. Por exemplo, em sânscrito, o Sutra de Lótus é Saddharma-pundarika Sutra. Nem por isso podemos recitar o Daimoku como Namu Saddharma-pundarika Sutra, pois existe também a questão do som e do ritmo.” (Nova Revolução Humana, vol. VI, pág. 222.)

Assim sendo, a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo, ou seja, a prática do Daimoku, é feita de uma só forma em todo o mundo e deve ser com postura proativa, isto é, determinada a gerar mudanças com objetivos claros e concretos. A proatividade significa muito mais do que tomar a iniciativa. Implica que somos responsáveis por nossa própria vid

A chave para vencer a dificuldade financeira


Em Dia


A chave para vencer a dificuldade financeira

Edição 2126 - Publicado em 06/Abril/2012 - Página A2

O texto abaixo consta da parte 23 e 24 do capítulo “Luta Conjunta”, volume 25, da Nova Revolução Humana

O líder disse: “Todos os esquemas fáceis de ganhar dinheiro têm falhas e certamente terminam mal”. 
Você tenta resolver uma vez, pegando dinheiro emprestado e, quando falha, você se assusta pelo dinheiro que pegou emprestado e começa a procurar maneiras fáceis de conseguir dinheiro. Ao repetir esse ciclo vicioso, você consegue um amontoado de dívidas e acaba falido. Para evitar isso, deve se livrar dessa ingenuidade e da fé dependente e começar com uma nova determinação tanto nos seus negócios quanto na sua fé. Em vez de passar a vida procurando métodos e esquemas de se tornar rico facilmente, você precisa fazer esforços firmes, ser prudente e construir uma base forte ganhando, gradualmente, a confiança dos outros.
Em primeiro lugar, é importante que resolva se dedicar seriamente ao Kossen-rufu e orar ao Gohonzon: ‘Comprometo-me a realizar o Kossen-rufu daqui em diante em Kofu. Para isso, preciso ter uma base financeira estável que me permita participar das atividades da Soka Gakkai e força para provar a grandeza desse budismo’. 
Você está apenas praticando o budismo para conseguir dinheiro? Ou está tentando fazer seus negócios terem sucesso para que dessa forma contribua para o avanço do Kossen-rufu? Esses dois objetivos são polos opostos. Todos nós nascemos neste mundo com a missão de fazer Chakubuku nas pessoas em nossa comunidade e sociedade e permitir que todos sem exceção alcancem a felicidade. Quando faz disso um propósito de vida e luta ao máximo na sua fé e prática budista, você é capaz de manifestar a condição de vida dos budas e dos bodhisattvas e experimentar uma força e sabedoria imensuráveis. Seus negócios serão bem sucedidos quando você aplicar toda essa força e sabedoria através do trabalho duro.”
Bito foi forçado a refletir sobre seus equívocos na fé e suas atitudes perante a vida. Com uma determinação de recomeçar na prática da fé e nos negócios, ele iniciou um novo empreendimento. Depois de algumas voltas e reviravoltas ao longo do caminho, ele abriu um restaurante delivery e, lentamente, ganhou a confiança de uma clientela fixa. Ele fez mais de cem Chakubuku. Olhando para trás nos últimos vinte anos, ele relatou sua situação atual para Shin-iti Yamamoto com enorme gratidão.

CORRA MELOS!


História


Corra, Melos!

Edição 523 - Publicado em 17/Março/2012 - Página 38
Neste ano, denominado “Ano da Expansão da SGI de Força Jovem”,
todos foram convocados para se renovar e rejuvenescer. Como?
O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, dá a dica: “Quando nos devotamos para cumprir o juramento Seigan compartilhado por mestre e discípulo, manifestamos naturalmente o máximo da nossa força e de nosso potencial”.
Manter-se leal ao juramento até a sua conclusão é a essência para
sagrar-se vitorioso e é o espírito da SGI de Força Jovem.
Um belo exemplo disso é a história Corra, Melos!, que republicamos a seguir. Ao final, destacamos as considerações desse romance citado pelo presidente Ikeda para as integrantes do Kayo Kai, em 1966, e do Ikeda Kayo Kai, em 2008.
Melos, um jovem camponês, venceu as mais duras provas, inclusive a morte. Quando foi preso injustamente, ele pediu ao rei tirano que o deixasse ir ao casamento de sua irmã mais nova. Melos garantiu ao rei que retornaria à prisão após o casamento.
O rei não acreditando que o trato fosse cumprido, dispôs-se a fazê-lo mediante maldosa proposta. Ele lhe concederia o pedido, se houvesse alguém disposto a ser executado em seu lugar. Caso não retornasse dentro de três dias, antes de o Sol se pôr, essa pessoa seria executada. Seu fiel amigo, Serinuntius, voluntariou-se.
O rei, descrente, sugeriu a Melos que não voltasse, deixando que o amigo fosse morto, pois assim obteria sua liberdade.
Após assistir ao casamento de sua irmã, ele iniciou seu retorno. Venceu vários obstáculos impossíveis, para corresponder a um honrado amigo. A caminhada era demasiadamente penosa e, na metade da jornada, suas forças já haviam se esgotado. Não conseguindo dar um passo sequer, caiu ao chão, chorando. Em sua mente, surgia o pensamento:
Oh! Você chegou até aqui, venceu as correntezas e os bandidos terríveis que queriam lhe derrotar a todo o custo. Como pode ser tão covarde? Seu estimado amigo morrerá por ter confiado em você. Você será o homem mais mesquinho e covarde deste mundo. Será tal qual o rei desejou.
Melos repreendia a si mesmo. Seu corpo, exausto, não obedecia. Não conseguia nem mesmo se mover. E continuou refletindo:
Quando o cansaço é muito grande, atinge até a consciência. Os maus pensamentos, impróprios a um herói, tomam conta da pessoa. Eu me esforcei tanto! Jamais pensei em não cumprir minha promessa. Corri até não poder mais. Não sou covarde. Oh! Se pudesse, abriria meu peito e mostraria meu coração. Este coração que pulsa com o sangue do amor e da sinceridade. Porém, sou um homem infeliz.
Todos rirão de mim. Minha família também será desprezada. Eu traí a confiança de um amigo. Fraquejar no meio do caminho é o mesmo que ser derrotado desde o começo. Oh! Não há remédio. Talvez seja o meu destino. Serinuntius, perdoe-me. Você sempre confiou em mim. Eu também nunca o traí. Sempre fomos amigos. Nunca fomos atacados pela desconfiança, nem mesmo por um instante. Mesmo agora, creio que esteja me esperando. Obrigado, Serinuntius. Muito obrigado por ter tanta confiança em mim! Quando penso nisso, fico desesperado. Serinuntius, corri, jamais pensei em traí-lo. Creia-me, corri como um louco. Outra pessoa não conseguiria chegar aonde cheguei... Agora, nada mais me importa. Deixe-me. Fui derrotado. Sou mesmo fraco. Ria-se. O rei disse-me para que chegasse atrasado, pois assim mataria o refém e salvaria minha vida. Odiei a atitude sórdida do rei. Porém, agora estou agindo como ele queria. Cheguei tarde. O rei rirá satisfeito e me soltará sem implicar. Quando isto acontecer, sofrerei muito mais do que se morresse. 
Serinuntius, morrerei também. Deixe-me morrer junto com você. Sei que acredita em mim, apesar de tudo, não é?
Ou será que isso é apenas otimismo da minha parte? Oh! Não! Talvez eu viva como um traidor. Tenho uma casa na aldeia. Quem sabe minha irmã não me expulse de lá.
Justiça, sinceridade, amor. Pensando bem, tudo isto é bobagem. Mate outra pessoa para viver. Não seria esta a lei deste mundo dos homens? 
Tudo é bobagem. Sou um traidor desprezível. Faça como quiserem.
Desfalece, enfim, chorando, estendido ao chão. De repente, ouviu o barulho de uma correnteza ali perto. Levantou-se cambaleando e viu a água que surgia de uma rocha. Curvou-se um pouco como que absorvido pela mina. Tomou um gole. Deu um longo suspiro, parecia acordar de um sonho ruim. Conseguiu andar. Recobrando a energia, viu renovar a esperança, embora mínima. A esperança de cumprir o dever, de dar a vida pela honra.
Alguém me aguarda, confiante, sem duvidar um pouco sequer. Não me pertenço. Minha vida nada vale. Não posso pensar em ser perdoado se morrer aqui. Devo recompensar a confiança em mim depositada. No momento, isso é o mais importante. Corra, Melos! Alguém confia em você! Aquele pensamento que me ocorreu há pouco foi o sussurro de um demônio, um pesadelo que eu tive. Devo esquecer. Agora sim, poderei morrer como um herói. Oh! O Sol já vai desaparecer. Espere-me! Oh! Desde que eu nasci, fui um homem honesto. Quero morrer como tal.
Empurrando as pessoas, Melos corria desesperadamente. 
— Guarda, sou eu! Sou eu quem deve morrer. Sou Melos, quem fez deste homem um refém. Estou aqui.
Gritando, ele subiu no cadafalso e agarrou-se aos pés de seu amigo.
— Serinuntius!, disse com os olhos marejados. Bata-me com força. No meio do caminho, tive um mal pensamento. Se não me bater, não terei o direito de abraçá-lo. Bata!
Serinuntius assentiu com a cabeça e o esbofeteou fortemente. Depois, sorrindo disse:
— Melos, bata-me também com o mesmo ardor que lhe bati. Nestes longos dias de espera, por um instante, duvidei de você. Se você não me bater, não poderei abraça-lo.
Melos esbofeteou-o com toda a força. Os dois amigos abraçaram-se chorando e falando ao mesmo tempo:
— Obrigado, amigo.
Depois, choraram de alegria. O povo chorava também. O rei Dionísio, o tirano, que assistia à cena do meio da multidão, aproximou-se e disse:
— Vocês venceram. Venceram meu coração incrédulo. Agora sei que a sinceridade não é mera ilusão sem fundamento. Por favor, façam de mim um companheiro de vocês. Peço-lhes de coração, permitam-me ser seu amigo.
O povo bradou, extasiado de alegria.
Fonte: BS, edição no 1.059, 18 de novembro de 1989, p. 5.

Um romance para inspirar os jovens 


por Dr. Daisaku Ikeda
A reunião do Grupo Kayo, realizada em julho de 1966, foi particularmente memorável. Li para as presentes o conto Corra, Melos!, do escritor japonês Osamu Dazai (1909–1948). 
Corra, Melos! é muito conhecido no Japão. O romance conta a história de um rei tirano e cruel que havia perdido a fé na bondade e na lealdade dos seres humanos e estava executando muitas pessoas. O jovem camponês Melos rebela-se contra o rei, demonstrando uma ira justificada. Entretanto, é preso e sentenciado à morte.
Como último desejo, ele pede para ir à vila onde morava assistir ao casamento da irmã mais nova. O rei não lhe dará a permissão sem que um refém fique em seu lugar. Então, Serinuntius, o grande amigo de Melos, apresenta-se como voluntário. Melos parte para sua vila e promete voltar dentro de três dias, antes de o Sol se pôr. Se mantivesse o compromisso, seu amigo seria libertado e ele, executado. Melos retornaria no tempo determinado ou trairia seu amigo para salvar a própria vida?
Após o casamento da irmã, Melos inicia a viagem de volta, com a intenção de manter o juramento e salvar a vida do amigo, que havia confiado nele. No caminho, é impedido por uma grande inundação causada pela chuva torrencial. Ele consegue nadar na enchente, contudo, é atacado por bandidos. Escapa deles. Porém, no terceiro dia, quando o Sol começa a se pôr, hesita. É dominado pelo cansaço e pelo desejo de desistir.
Melos reúne toda a sua disposição, e, rejeitando as covardes vozes interiores, vence a tentação. “Alguém está esperando por mim”, pensa. “Devo provar que sou digno de sua confiança.” “Corra, Melos!”, diz a si próprio, incentivando-se até chegar a tempo de salvar o amigo da execução. Melos manteve fielmente o compromisso que fizera, retornando para salvar Serinuntius. Ele comprova que a lealdade existe e, com isso, faz o rei restabelecer a fé nos seres humanos. 
Antes de começar a ler esse romance nessa reunião, eu disse com profunda emoção às participantes: “Gostaria de dedicar esta história a todas vocês como um tributo ao Grupo Kayo. O espírito que ela retrata reflete minha própria história, meu futuro e minha determinação. Lutem destemidamente em suas batalhas pessoais!”
Quando a empresa do presidente Toda passava por uma crise e a própria sobrevivência da Soka Gakkai estava ameaçada, corri como Melos para proteger meu mestre. Durante a Campanha de Osaka de 1956, lutei e venci com inabalável determinação, como se fosse o próprio Melos. Após o falecimento de Toda Sensei, venci cada violenta tempestade de adversidade e corri incansavelmente para comprovar ao mundo inteiro a verdade e a vitória da Soka Gakkai. Com o incansável espírito de Melos, dediquei-me a cumprir o juramento que havia feito ao meu mestre como seu discípulo. Como Osamu Dazai proclamou: “Faça a coisa certa sorrindo!”1
Em toda a história de nosso movimento, houve muitas pessoas que traíram seu mestre, a quem deviam muito, causaram sofrimento aos seus companheiros e tentaram prejudicar a Soka Gakkai. Todos vocês observaram o terrível e triste estado de vida em que esses infelizes indivíduos caíram. Não importando quão inteligentes sejam os argumentos apresentados para justificar suas ações, eles prepararam sua queda traindo a si próprios. 
Nunca me esquecerei das palavras que o jovem presidente da Mongólia, Nambaryn Enkhbayar, me disse durante nosso encontro (em fevereiro de 2007). São versos de uma canção folclórica do país: “Nós falamos do inferno, / mas de onde vem o inferno? / Quebre um juramento que você fez / — isso é inferno”.2 
Durante a vida, enfrentamos várias dificuldades e tempestades inesperadas. Também é certo, à luz do Sutra de Lótus e dos escritos de Nitiren Daishonin, que a Soka Gakkai — uma organização de devotos do Sutra de Lótus — será alvo do ataque dos Três Poderosos Inimigos3 do Budismo. E é natural que as pessoas que abandonaram e traíram a fé por inveja ou ingratidão acabem conspirando contra nós. Cada um desses desafios mostra o que Daishonin chama de “momento crucial” (WND, v. 1, p. 283). 
Naquela época, o que importava era se a pessoa permanecia fiel ao juramento de realizar o Kossen-rufu, conforme Daishonin declara: “Este é meu juramento, e eu nunca o abandonarei!” (WND, v. 1, p. 281) Esta é a chave para manifestar o estado de Buda nesta vida e garantir uma condição de felicidade que dure por toda a eternidade. Diz uma passagem de Corra, Melos!: “Se for para eu cair aqui e agora, seria como se eu nunca tivesse feito nada”.4 
Com minhas sinceras orações, transmiti as seguintes diretrizes às integrantes do grupo: “Corram, membros do Grupo Kayo, assim como Melos, sem nunca duvidar de seus companheiros nem da Soka Gakkai, e, acima de tudo, não duvidem do Gohonzon! Corram, membros da DFJ!” Uma vida baseada no juramento Seigan e na profunda gratidão é bela. Cada passo dado dessa forma é um passo na direção da vitória e da felicidade.